sábado, 22 de novembro de 2014

Anticorpos monoclonais na luta contra o câncer de ovário

O câncer de ovário é o quinto tipo de câncer mais comum entre as mulheres e causa mais mortes que qualquer outro tipo de câncer nos órgãos reprodutores femininos, pois costuma ser identificado tardiamente. Atualmente, o único tratamento para todos os estágios desse câncer é a cirurgia, na qual é removido o útero, os ovários, as trompas e a remoção de parte ou toda a camada de gordura que protege os órgãos no abdômen. A quimioterapia é usada após a cirurgia para tratar qualquer resíduo do câncer e quando a doença reincide.

Até o fim do ano, será testado o anticorpo monoclonal RebmAb200 no hospital da Universidade de Gotemburgo, na Suécia, sendo a primeira vez que uma versão produzida especificamente para uso em seres humanos desse composto será utilizada em um teste clínico. Esse teste será realizado em seis mulheres, que fizeram a cirurgia e a quimioterapia contra o câncer de ovário, como reforço no tratamento da doença. O RebmAb200 foi produzido, em 10 anos de pesquisa, no Brasil por uma empresa privada de biotecnologia, a Recepta Biopharma, com participação de equipes de instituições públicas de pesquisa consagradas, como o Instituto Butantan e a USP, contando com os financiamentos da Recepta Biopharma, da FAPESP e da Financiadora de Estudos e Projetos.

Anticorpos são proteínas produzidas no nosso organismo que ajudam o sistema imunológico a combater vírus, bactérias e câncer através do reconhecimento de antígenos e os anticorpos monoclonais são específicos para uma única região do antígeno, reconhecendo assim um tipo de célula. Com essa característica, o RebmAb200 foi criado para carregar elementos químicos radioativos até a célula cancerígena, permitindo que apenas esta fosse bombardeada com a radiação, evitando acertar as células sadias. Mas, em experimentos com células animais e humanas, foi mostrado que esse anticorpo, mesmo sem a carga radioativa, se liga às células cancerígenas e aciona os linfócitos, que entende aquele conjunto como um corpo estranho e o ataca com substâncias tóxicas, destruindo a célula, reduzindo a taxa de crescimento tumoral. Se funcionar, essa estratégia pode evitar o restabelecimento de células malignas nos ovários ou sua migração para outros órgãos.

Os testes clínicos que serão realizados em Gotemburgo são muito importantes para o processo de aprovação desse composto como medicamento, pois é na fase de testes clínicos que se pode observar a real eficácia e os efeitos colaterais do tratamento. Independentemente dos resultados, as pesquisas para a obtenção do RebmAb200 permitiram conhecimentos que proporcionam a produção, em grande quantidade, de anticorpos humanizados com um padrão de qualidade e estabilidade. Os anticorpos humanizados são anticorpos produzidos em laboratórios que apresentam menores riscos de provocar alergias.

 O Brasil domina há tempos a tecnologia da produção  de vacinas, mas ainda não conseguiu desenvolver um medicamento biológico (biofármaco) completamente inovador que chegasse ao estágio de ser comercializado, o RebmAb200 pode ser o primeiro deles e abrir as portas para essa área.

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