quinta-feira, 22 de maio de 2014

Diário de um Engenheiro: Tratamentos endoscópicos para o enfisema pulmonar

Inovadoras técnicas endoscópicas para o tratamento do enfisema pulmonar vêm sendo aprofundadas desde o ano 2000Estas técnicas advêm da cirurgia redutora de volume pulmonar, uma das principais formas de tratamento para pacientes em estágio avançado da doença, juntamente com o transplante pulmonar. Os novos tratamentos são minimamente invasivos e incluem técnicas de remodelamento biológico (cola biológica e vapor) e técnicas com dispositivos reversíveis (válvulas e coils).

O enfisema pulmonar causa um aprisionamento de ar no interior dos pulmões do paciente, provocando hiperinsuflação e levando a falta de ar e a limitação na realização de exercícios diários quando a doença atinge seu estágio mais avançado. Apesar de os novos tratamentos não curarem a doença, os mesmos podem ser recorridos em casos avançados de enfisema pulmonar, permitindo ao portador uma melhor qualidade de vida ao amenizar seus sintomas. 

A técnica mais conhecida no Brasil é a de utilização de válvulas, introduzida em 2007 pelos coordenadores do Núcleo de Tratamento do Enfisema do Hospital Moinhos de Vento, Dr. Hugo Goulart de Oliveira e Dr.Amarilio Vieira de Macedo Neto, em Porto Alegre - RS, e recentemente acessível no Hospital Albert Einstein em São Paulo. 

Válvula brônquica
O tratamento se inicia com a broncoscopia - uma endoscopia respiratória que possibilita a visualização da parte interna das vias respiratórias - iniciando-se na laringe e terminando nos brônquios. Com o auxílio de um broncoscópio, são introduzidas e anexadas de duas a quatro válvulas brônquicas, comumente, nos pulmões do paciente. Estas válvulas fazem com que enquanto ocorre a respiração, o volume de ar nas áreas afetadas pelo enfisema diminua - evitando seu aprisionamento - e assim possibilitando que as partes mais saudáveis exerçam um melhor funcionamento, apurando a respiração e a realização de exercícios. 

As válvulas não causam dor, sua inserção dura cerca de uma hora e não há necessidade de anestesia. As mesmas podem ser substituídas por novas quando o médico achar necessário. Antes da implantação das válvulas são realizados exames para avaliar a função pulmonar e estudar a localização e a quantidade de válvulas exata a serem utilizadas. Após a operação o paciente permanece em observação por cerca de 3 dias, totalizando aproximadamente uma semana de permanência hospitalar. Além disso, tem continuidade uma reabilitação pulmonar.

O tratamento com válvulas brônquicas, assim como a cirurgia redutora de volume, só é indicado em casos avançados de enfisema, que podem terminar em um transplante pulmonar. Pelo fato de a cirurgia apresentar um índice alto de mortalidade, cerca de 5%, e ser muito invasiva, podendo causar alterações renais ou doença cardíaca, as novas técnicas permitem tratamentos com menos riscos aos pacientes e uma maior autonomia a estes, além de ser uma alternativa ao transplante de pulmão. 


Referências

HOSPITAL MOINHOS DE VENTO. Núcleo de Tratamento do Enfisema: Apresentação. Rio Grande do Sul, 2010. Disponível em
<www.hospitalmoinhos.org.br/content/especialidades/apresentacao-especialidade.aspx?d=134>.
OLIVEIRA, Hugo G. de; OLIVEIRA, Silvia M. de; NETO, Amarilio V. de Macedo. Tratamento endoscópico do enfisema/Bronchoscopic treatment of emphysema. Pulmão RJ, Rio de Janeiro, 20(2): 2-7, 2011. Disponível em
<www.vidadiagnostics.com/clinical_studies/docs/BronchoscopicTreatmentEmphysema.pdf>
SOCIEDADE BENEFICENTE DE SENHORAS HOSPITAL SÍRIO LIBANÊS. Conheça o Programa de Tratamento Endoscópico do Enfisema. São Paulo, 2012. Disponível em <www.hospitalsiriolibanes.org.br/Informes/2012/5-Maio/18-05-12/nota-4.html>.

Bruno Pereira

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