quarta-feira, 6 de março de 2013

Perdidos no espaço

O primeiro neurotransmissor conhecido é a acetilcolina e, atualmente, seu papel na aquisição e na consolidação da memória espacial foi demonstrado por duas equipes de pesquisadores brasileiros em artigo publicado em 8 de outubro na revista PNAS.
O grupo coordenado pelo casal de bioquímicos Vania e Marco Antonio Prado, pesquisadores do Centro de Pesquisas Robarts e da Universidade de Western Ontario, no Canadá, e o time liderado pelo neurocientista Iván Izquierdo na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul verificaram que camundongos com carência desse neurotransmissor em algumas regiões cerebrais tinham mais dificuldade para reconhecer um ambiente em que estiveram antes.

Em paralelo ao déficit de memória espacial, os camundongos com carência de acetilcolina no hipocampo também apresentam alteração em um processo eletrofisiológico chamado potenciação de longa duração, necessário para a formação de vários tipos de memória de longa duração.

As tentativas de se estudar este problemas, até então não eram bem sucedidas, pois para reduzir a liberação de acetilcolina no cérebro era necessária a destruição dos neurônios que produzem o neurotransmissor e outros neurotransmissores também, como o glutamato. Assim, não era possível saber se a dificuldade de se lembrar de informações do ambiente eram consequência da falta da acetilcolina ou do glutamato. Porém, Marco Antonio e Vania conseguiram eliminar esse problema ao inserir em camundongos um gene que bloqueava apenas a liberação de acetilcolina em algumas regiões cerebrais.

"A falta de acetilcolina impede que a memória espacial se fixe", explica Izquierdo. Pessoas com Alzheimer - a doença neurodegenerativa mais comum em idosos, caracterizada pela perda progressiva da memória - geralmente apresentam redução nos níveis de acetilcolina em algumas regiões cerebrais. Por essa razão, uma das classes de medicamentos mais usados para amenizar os efeitos da doença tenta reverter a carência desse neurotransmissor.

No Alzheimer, explica Izquierdo, são afetadas as memórias visual, auditiva, de números e de reconhecimento de rostos, além da espacial. E o fato de outras formas de memória sofrerem prejuízo sugere que o nível de outros neurotransmissores, como o glutamato, também possam estar alterados, o que não seria corrigido pelos medicamentos que tentam aumentar a concentração da acetilcolina.

Para mais informações, acesse a notícia na íntegra.

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