sábado, 8 de setembro de 2012

Vespas podem substituir agrotóxicos no combate às pragas nas lavouras


Uma vespa pode mudar o panorama das lavouras. Apontada pela revista Fast Company como uma das 50 empresas mais inovadoras do mundo, a Bug Agentes Biológicos, de Piracicaba, em São Paulo, oferece uma alternativa sustentável para o combate às pragas. Com a técnica, uma cartela pequena de papelão contendo ovinhos de vespas pode proteger 1 hectare de uma plantação.
Mas essa não é a única solução para o problema: no Brasil, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) realiza diversos estudos para a substituição dos agrotóxicos - envolvendo até a utilização de feromônios sexuais de percevejos marrons como forma de atração de inimigos naturais.
A ideia não é nova. "O Brasil tem o maior programa de controle biológico do mundo", afirma o agrônomo Diogo Rodrigues Carvalho, sócio-diretor da Bug. A inovação da empresa foi transformar um conceito consagrado em pesquisas em um produto comercial. "A microvespa que utilizamos é do gênero Trichogramma, o parasitóide mais estudado no mundo", explica.
Além do Brasil, a Europa também tem tradição nesse tipo de controle de pragas. De acordo com Carvalho, a diferença é que lá as áreas são pequenas, e os cultivos, em estufa. O inverno rigoroso ajuda a quebrar o ciclo de pragas. "No Brasil, nós temos pragas o ano todo, e as áreas são extensas", esclarece.
Conforme Carvalho, as vespas atacam as principais pragas das grandes culturas, como a cana-de-açúcar e a soja.
As microvespas depositam seus ovos dentros dos ovos da praga, alimentando-se do seu conteúdo interno e impedindo o nascimento da lagarta, responsável pelos principais danos na cultura.
Para chegar a esse resultado, a Bug realiza a coleta das vespas, a maioria delas do gênero Trichogramma sp, em diversas culturas.
Os produtores recebem a cartela pronta para a liberação das vespas na sua forma de pupa ou crisálida, antes do nascimento do adulto.
Este processo é fundamental sob o ponto de vista do controle biológico já que o parasitismo bem sucedido culmina com a morte do hospedeiro e consequentemente tem impacto nos níveis populacionais do inseto alvo do controle".
O bolso do agricultor também sente o peso da mudança. O custo de implantação da técnica varia conforme a praga e a cultura, mas é geralmente menor. "Na maioria das vezes, ele fica de 30 a 40% mais barato do que o químico", esclarece Carvalho.
Entre as pesquisas realizadas, Laumann destaca: Identificação de feromônios de insetos, interações químicas entre insetos e plantas e entre insetos herbivórios e seus inimigos naturais (insetos predadores ou parasitóides).
"Essas pesquisas têm resultado na descrição dos feromônios da maior parte dos percevejos, que são pragas de soja e outros grãos (feijão, milho, girassol, arroz) de grande importância para a agricultura brasileira", justifica Laumann.
Além do monitoramento das pragas, por meio de armadilhas, o uso de feromônios e outros semioquímicos em campo pode ser usado ainda para manipular o comportamento de seus inimigos naturais.




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