sexta-feira, 6 de julho de 2012

Mineração Invisível

Microscopia eletrônica da bactéria A. ferrooxidans em plena atividade.

Recentemente a mídia mostrou o drama de trabalhadores chilenos que ficaram soterrados, devido ao desabamento de uma mina no deserto do Atacama. Além disso, a mineração também traz inúmeros problemas ao meio ambiente, devido à liberação de gases poluentes. Nessa direção, caminham os esforços de cientistas que pretendem substituir os métodos tradicionais da atividade mineradora por outros, que se aproveitam do trabalho silencioso e invisível dos micro-organismos, particularmente bactérias, conhecido como biomineração.

“A grande vantagem é que na biomineração, a liberação do material de interesse não exige queima, como nos métodos tradicionais (pirometalurgia), o que elimina a emissão de gases, como o monóxido de carbono, altamente tóxico, e o óxido sulfuroso, responsável pela chuva ácida.”, afirma a pesquisadora Denise Bevilaqua, do Instituto de Química da Unesp de Araraquara.

Os micro-organismos mineradores trabalham de outro modo: consomem substâncias conhecidas como sulfetos, normalmente associadas às rochas, e as convertem em ácido sulfúrico, que acaba tornando solúveis os minérios de interesse econômico. Estes, por sua vez, são recuperados posteriormente, na forma sólida.

Os micróbios mineradores podem ser usados em materiais com baixo teor do metal de interesse, quando o custo de empregar as tecnologias atuais não compensa, explica a pesquisadora. Usar a mão de obra invisível também é conveniente quando o substrato é complexo, porque aglutina diferentes tipos de minerais, o que hoje representa um desafio para a mineração tradicional.

Mas o melhor de se colocar as bactérias para trabalhar como mineiras é que elas conseguem retirar metais de resíduos e dejetos da indústria mineradora, fazendo ao mesmo tempo a extração do material de interesse econômico e o tratamento dos efluentes.

Apesar de ainda estarem em fase laboratorial, as pesquisas estão gerando resultados promissores. 

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