terça-feira, 12 de junho de 2012

Processo celular pode indicar metástase em câncer


Uma pesquisa internacional publicada nesta semana (dia 27) na revista Nature Medicine, com a participação de pesquisadores brasileiros do Hospital A.C. Camargo, poderá ajudar a descobrir biomarcadores de disseminação de câncer, a metástase. Esses marcadores podem ser usados para detectar as metástases em estágio ainda muito inicial ou serem usados para o desenvolvimento de drogas que impeçam o desenvolvimento da doença. A chave para essas futuras aplicações está nos exossomos, pequenas vesículas liberadas pelas células do corpo, inclusive as tumorais. Os pesquisadores conseguiram identificar proteínas presentes em exossomos provenientes de células de melanoma, o mais grave entre os tipos de câncer que atingem a pele, que participam do processo metastático desses tumores.
Todas as células do corpo liberam de modo controlado essas minúsculas vesículas que têm seu conteúdo solúvel recoberto por uma membrana semelhante à celular. Essas vesículas carregam proteínas e material genético como RNA mensageiro e microRNA. Depois de liberadas pelas células, as microvesículas podem circular pelo corpo por meio do sangue ou do sistema linfático.
Segundo o atual estudo, liderado por David Lyden do Weill Cornell Medical College, localizado nos Estados Unidos,  as células tumorais liberam exossomos que seguem até a medula óssea. Ali, eles recrutam células e as educam para participar do processo de metástase. “Essas células ‘educadas’ migram para um órgão específico do corpo e o prepara para receber as células tumorais que formarão a metástase”, conta a bioquímica Vilma Martins, pesquisadora do Hospital A.C. Carmargo, uma das autoras do trabalho. Ainda não se sabe como é escolhido o órgão onde as metástases se instalarão. “Pode ser que as vesículas também contenham essa informação”, completa a bioquímica.
Além de circular pelo sangue, os exossomos podem estar presentes em líquidos secretados pelo corpo como urina e saliva. Por isso, a presença das vesículas nesses fluidos serviria como um biomarcador relevante sobre o processo de metástase.
O próximo passo dos pesquisadores será identificar os componentes das microvesículas liberadas por vários tipos de tumores e de que forma esse conteúdo participa do processo tumoral e metastático. “Essa é uma área da biomedicina que tem crescido nos últimos anos e deve trazer resultados muito relevantes não apenas no entendimento e no tratamento do câncer, mas também de outras patologias como as doenças neurodegenerativas e cardiovasculares”, ressalta Vilma.
Fonte: Revista Pesquisa FAPESP

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