terça-feira, 5 de junho de 2012

Novo método de análise laboratorial de hortaliças


As análises laboratoriais de hortaliças, feitas por órgãos de vigilância sanitária, nem sempre são suficientes para evitar a comercialização de verduras contaminadas com ovos e larvas de helmintos. Em dissertação defendida recentemente na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a bióloga Flaviane Matosinhos propôs uma metodologia mais eficiente para detecção desses parasitas que pode ajudar a reduzir o problema.
O melhor método entre os testados pela bióloga consiste em imergir as folhas de alface em uma solução à base do aminoácido glicina, agitar a mistura manualmente durante três minutos e deixar o líquido sedimentar por, no mínimo, duas horas. Após esse período, os sedimentos em suspensão são retirados e examinados em microscópio óptico.
Matosinhos conta que os testes foram feitos com diferentes níveis de contaminação. “Partimos de 3,3 ovos de helminto por grama de alface até chegar em 0,2.” Mesmo na menor concentração, o método escolhido teve sensibilidade (identificação correta de contaminação ou não) sempre acima de 90% – no caso de ovos de A. suum alcançou 100%. Não houve caso de falso positivo.
Além da sensibilidade, outro dado que atesta a qualidade do método é a quantidade de ovos ou larvas identificados em uma amostra contaminada. Para se ter uma ideia, de cada 100 ovos que contaminam uma folha de alface, a metodologia adotada pelo FDA, órgão do governo norte-americano responsável pelo controle de drogas e alimentos no país, é capaz de detectar apenas 10. A análise padronizada por Matosinhos chega a 62.Segundo a bióloga, amostras contaminadas e não contaminadas foram enviadas para análise por esse método em laboratórios independentes, que não tinham conhecimento da presença ou não de vermes. O índice de detecção se manteve nos mesmos níveis obtidos na UFMG.
A pesquisadora escolheu a alface nos experimentos por se tratar de uma das hortaliças mais comercializadas do Brasil. Ela explica que o modelo que padronizou pode ser utilizado para outras hortaliças, mas, para isso, é preciso realizar testes específicos. “Fizemos testes com rúcula e os resultados foram similares, mas, dependendo do vegetal utilizado, os efeitos podem não ser os mesmos”, diz.
Estudo publicado em 2003 no periódico Trends in Parasitology estima que no mundo haja mais de 2,7 bilhões de pessoas infestadas com helmintos.

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