quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Células-tronco de polpa dentária promovem regeneração da medula espinhal em ratos

      Um grupo de pesquisadores da universidade de Nagoya, no Japão, publicaram recentemente uma pesquisa muito promissora: a partir de células-tronco (CT) obtidas de polpa dentária humana – que tem o potencial de diferenciar-se em células ósseas, cartilaginosas, adiposas e também neurônios em condições especiais de cultivo –  eles conseguiram regenerar a medula espinhal que havia sido seccionada em ratos adultos e recuperar a função locomotora das suas patas traseiras. O trabalho, liderado por Minori Ueda, foi publicado na prestigiosa revista The Journal of Clinical Investigation.
       Os cientistas obtiveram CT da polpa dentária de dentes de leite e de adultos (dente de siso) e o primeiro passo foi verificar se elas conseguiam se diferenciar em cultura em células neurais, isto é, se elas expressavam vários fatores que são característicos de células nervosas. É importante lembrar que existem vários tipos de células nervosas que são necessários para se recuperar a função sensorial e motora após uma lesão de medula.  Uma vez confirmado que as CT da polpa dentária expressavam fatores característicos de diferentes células neurais elas foram transplantadas em ratos imediatamente após esses  terem sido submetidos a uma secção total da medula espinhal. Para verificar se os resultados dependiam  das propriedades das CT da polpa dentária e não da metodologia empregada os cientistas usaram como controles dois grupos de ratos submetidos ao mesmo experimento: no primeiro grupo injetaram  CT da medula óssea e no segundo fibroblastos ( células derivadas da pele).

       Ratos que haviam sido transplantados com CT de polpa dentária humana – tanto de dente de leite, como adulto – mostraram uma recuperação muito superior à observada nos grupos injetados com CT de medula óssea ou fibroblastos. Essa melhoria foi observada logo após a operação durante a fase aguda da lesão medular. Cinco semanas após o transplante, os ratos com CT de polpa dentária eram capazes de locomover as patas traseiras de modo coordenado, enquanto os dois outros grupos só conseguiam movimentos sutis. De acordo com os pesquisadores, a observação de que os animais conseguiram recuperar os movimentos sugerem que as CT derivadas da polpa dentária  foram capazes de  promover também a regeneração dos axônios, as terminações nervosas que são projetadas a partir dos neurônios da medula espinhal.
      As CT derivadas de polpa dentária mostraram uma capacidade neuroregenerativa significante  quando injetadas em ratos imediatamente após a secção da medula espinhal . Houve inibição da morte dos neurônios e células da bainha de mielina (a bainha que recobre as terminações nervosas) após a injúria, regeneração dos axonios (terminações nervosas) e substituição de oligodendrócitos lesionados (as células responsáveis pela formação e manutenção das bainhas de mielina) por oligodendrócitos maduros. Entretanto os pesquisadores reconhecem que esses resultados só foram obtidos imediatamente após a secção total  da medula – o que certamente não poderá ser avaliado em seres humanos – e não sabemos quais seriam os resultados em diferentes lesões da medula. De qualquer modo essa pesquisa abre perspectivas muito otimistas.

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