sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Aprovado feijão transgênico

Modificação genética protege plantas contra vírus causador do mosaico dourado

Campo de feijão, vítima frequente de vírus
A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) aprovou na quinta-feira (15/09) a produção de um feijão geneticamente modificado desenvolvido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). A alteração impede que a planta contraia a doença conhecida como mosaico dourado, capaz de dizimar plantações inteiras. “O que está em jogo não é só o feijão”, afirma o engenheiro agrônomo Francisco Aragão, da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (Cenargen), um dos responsáveis pelo desenvolvimento do novo transgênico junto com Josias Faria, da Embrapa Arroz e Feijão. “O que está em jogo é também o fato de que demonstramos que é possível gerar e produzir essa tecnologia no Brasil, e numa instituição pública.”
O mosaico dourado causa danos em todos os lugares em que se cultiva feijão nas Américas. No Brasil, só não é um problema no Rio Grande do Sul, onde a mosca-branca transmissora não se adapta bem ao frio. Segundo estimativas da Embrapa Arroz e Feijão, entre 9 e 18 milhões de pessoas encheriam os pratos de feijão com as safras perdidas para a doença.
Para combater o vírus, os pesquisadores da Embrapa fizeram uso dos próprios mecanismos de defesa do feijão. Aragão explica que as plantas, em vez de anticorpos, combatem as doenças com pequenos fragmentos de RNA, o RNA de interferência (RNAi). É um sistema imunológico inato, embutido no material genético do organismo. No caso específico do feijão e desse tipo de vírus, o RNAi evita que seja produzida uma proteína (REP) essencial para a replicação dos invasores. Mas essa defesa não é ativada de imediato, e por isso com frequência não basta para conter a multiplicação do vírus. “É como uma barragem com um furinho que vai se alargando à medida que a água passa”, compara. “O que nós fizemos foi tapar o furo.”
Eles “taparam” o furo antecipando a produção dessas moléculas de RNAi. Isso foi possível pela inserção no DNA da planta do trecho do material genético viral para a produção dos pequenos RNAs que regulam a produção da proteína REP. Essas moléculas também são produzidas no feijão comum, mas na planta transgênica um promotor (algo como um interruptor que, quando ligado, ativa o gene a que está atrelado) constitutivo faz com que esse RNA seja produzido o tempo todo. Assim, o vírus é combatido de imediato a qualquer momento que entre nas células das folhas, das vagens ou do caule do feijão.
Mas, para que uma planta transgênica seja aprovada, não basta fazer a engenharia genética. Aragão e seus colegas vêm estudando a planta desde 2005, e viram que nada é alterado. “Fizemos a caracterização molecular, agronômica e nutricional em termos de vitaminas, aminoácidos e açúcares”, conta o pesquisador. Eles também alimentaram animais com o feijão modificado, e não detectaram alteração alguma.
Além de reduzir a mortalidade nas lavouras de feijão, o aumento na capacidade de a planta combater a doença por conta própria reduziria em muito o uso de inseticidas nas plantações, usados para combater as moscas-brancas. A produção se tornaria assim menos nociva à saúde e também mais barata.
A aprovação na CTNBio se deu por votação depois de análise técnica de um relatório de 500 páginas elaborado pelos pesquisadores da Embrapa. Mas ela não é o fim do caminho. “Vamos agora fazer os ensaios para registrar as principais variedades de feijão, que devem demorar um ano e meio”, conta Aragão. Os estudos até agora foram feitos com o feijão-carioquinha, o mais plantado no país. Em seguida, será a vez do feijão-preto e do roxinho. “Em 3 anos devemos ter as sementes para os produtores”, prevê. Outra vantagem desse feijão modificado é a estabilidade: a partir da leva inicial, os produtores serão capazes de produzir por conta própria as sementes com as mesmas características.
Isso, claro, se a aprovação se mantiver. “Os ativistas contra transgênicos são mais enfáticos contra esse transgênico, produzido no Brasil, do que contra os feitos pelas grandes empresas internacionais”, lamenta Aragão. Para Walter Colli, professor do Instituto de Química da Universidade de São Paulo e presidente da CTNBio entre 2006 e 2009, “a justiça cometerá uma injustiça se barrar o feijão da Embrapa”. Ele explica que a comissão é constituída por lei e composta por cientistas que entendem dos processos íntimos da genética, habilitados para avaliar os possíveis riscos das modificações feitas nas plantas.
“A tecnologia empregada por Aragão é limpa, linda e original”, sentencia Colli. Caso entre de fato em produção, o feijão da Embrapa será a primeira variedade modificada produzida no Brasil, sem participação das grandes empresas multinacionais.


Saiba mais:
Conhecimento no campo, sobre feijões resistentes ao mosaico dourado
De servo a senhor, sobre RNAi

Fonte: FAPESP

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Microrganismos e toxinas em grãos armazenados

    Fungos, também denominados mofos ou bolores, são microrganismos multicelulares e filamentosos, que ao infestarem os grãos e alimentos podem produzir substâncias tóxicas, tais como micotoxinas. E estas ao serem ingeridas, inaladas ou absorvidas pela pele podem causar: estado de letargia, perda de peso, intoxicações, câncer e óbito em homens e animais.
    No caso de grãos, estes podem ser infestados durante o cultivo ou no período pós-colheita. Os fungos do campo contaminam os grãos durante o cultivo por estes requererem ambientes com umidade relativa superior a 80%. Enquanto fungos do armazenamento demandam menor quantidade de água, desta forma, estes proliferam em maior intensidade na massa de grãos no período pós-colheita.
    Materiais biológicos, como grãos, sementes e alimentos, possuem a característica de serem higroscópios, pois, entre estes e o ar são estabelecidos trocas de água, principalmente na forma de vapor. Deste modo, sobre as superfícies dos produtos são estabelecidos microclimas, que têm suas situações de estado influenciadas principalmente pelo teor de umidade dos produtos.
   Além da produção de toxinas outros danos causados pela ação dos fungos em grãos são a: (a) redução do potencial de geminação, (b) descoloração, (c) geração de focos de aquecimento e de migração de umidade na massa de grãos, (d) aceleração das trocas químicas e (e) redução da quantidade de matéria seca.
  Um estudo que examinou 494 amostras de grãos de cacau obtidas no Brasil rendeu uma notícia preocupante e outra boa: foram encontrados ao menos 20 distintos gêneros de fungos e leveduras potencialmente tóxicos em alguma das etapas de processamento das sementes, mas o produto final, o chocolate vendido ao público, se mostrou isento desses microrganismos (Food Microbiology, 12 de agosto de 2011). A maior porcentagem de contaminação foi detectada em exemplares do fruto provenientes das fases de secagem e armazenamento dos grãos, executadas nas fazendas de produção de cacau da região de Ilhéus, no sul da Bahia. Com a diminuição da quantidade de água nas sementes e o processamento industrial do cacau, a presença dos fungos se reduziu sensivelmente e o chocolate analisado se mostrou seguro para consumo. O trabalho foi feito por pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e da Universidade Técnica da Dinamarca.

Cacau
Links : http://www.agais.com/fungos.htm

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Uma nova Luz se Acende

                                      HIV (em vermelho)                            fonte

Pesquisadores ingleses conseguiram impedir que o HIV atacasse o sistema imunológico do corpo ao modificar a membrana da célula do vírus.
Os resultados, publicados na revista Blood cientistas do Imperial College London e da Universidade Johns Hopkins, podem abrir caminho para a criação de uma vacina.
O vírus HIV é causador da Aids, prejudica o corpo danificando seu sistema de defesa (imunológico).  Ela é a terceira maior causa de morte em países em desenvolvimento, matando 1,8 milhões de pessoas por ano no mundo.
Muitos pesquisadores, no entanto, acreditam que o HIV causa uma super-reação inicial do sistema, enfraquecendo a próxima linha de defesa do corpo. Algumas de suas células de defesa, chamadas plasmacytoid dendritic cells (pDCs), reconhecem o HIV rapidamente e reagem, produzindo moléculas sinalizadoras que ativam muitos processos e danificam o sistema se permanecerem ligados por muito tempo.
 Vai Na nova pesquisa, os cientistas encontraram evidências de que é justamente assim que o vírus age – e conseguiram bloquear essa ação removendo o colesterol da membrana de sua célula (o vírus utiliza a membrana das células que ataca). Ao remover o colesterol, o vírus não pode ativar as pDCs. Como consequência, as células T, que orquestram a segunda leva de resposta, mais organizada, podem atacar o vírus de forma mais eficiente.
Embora a pesquisa seja bastante inicial, ela ajuda a desvendar a complexa forma de atuação do vírus. Além disso,  a descoberta do colesterol abre caminho para o desenvolvimento de um novo tipo de vacina.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Pesquisador desenvolve arma que só dispara nas mãos do dono


Como possível solução para reduzir a violência e acidentes domésticos, o professor da USP Mário Gazziro desenvolveu um microchip que quando implantado na mão do dono da arma, faz com que a mesma só dispare ao reconhecer o chip.

Clique aqui para ver a imagem grande.

"Muitas vezes, as armas roubadas de quem tem porte ou mesmo de policiais são usadas contra seus donos em assaltos. Além disso, há cada vez mais acidentes com jovens que encontram as armas dos pais em casa. O sistema de identificação evitaria que isso acontecesse.", afirma o pesquisador.

Ele também diz que o procedimento de implante é rápido e praticamente indolor, sendo a primeira cobaia a utilizar o chip. O dispositivo fica localizado um pouco abaixo do dedo mínimo, local com alta concentração de gordura e poucos vasos sanguíneos, além de ter um bom ângulo para a detecção.

Como qualquer eletrônico, ele está sujeito a falhas, mas a possibilidade da identificação que relaciona a arma ao chip é quase remota, devido à dificuldade do processo.

Para ler mais, clique aqui.

Comprimido de hormônio pode ajudar na cura do medo de altura

Segundo um estudo feito na Universidade de Basel, comprimidos a base de cortisol (o hormônio referencial para medir a taxa de estresse do ser humano) têm se mostrado promissores para o tratamento de pessoas com medo de altura.
No total 40 pacientes com acrofobia ou medo de altura foram submetidos a dosagem de comprimidos de cortisol e placebo, além de terapia comportamental.
Uma forma peculiar de psicoterapias são utilizadas no tratamento de fobias, sendo o paciente exposto controladamente a situações adversas que lhe pareçam assustadoras afim de que o medo seja diminuído gradativamente.
Os quarenta analisados sofriam de vertigens, e, tiveram que participar de terapias três vezes durante uma semana. Através de uma realidade virtual passavam por situações que  confrontassem seus medos. Metade deles consumiu um comprimido de cortisol uma hora antes da sessão e outra metade consumiu o placebo uma hora antes.
Os cientistas mediram o medo dos pacientes três a cinco dias depois da terapia e um mês depois da última exposição à situação de medo. A análise foi feita através de questionários e sensores colocados na pele.
As pessoas que receberam o comprimido de cortisol demonstraram uma diminuição significativa nos níveis de ansiedade comparadas as que receberam o placebo.
O cortisol poderia ajudar no processo de "aprendizagem" do paciente durante esta terapia de confrontação. Agora, o intuito é correlacionar o uso do cortisol juntamente a psicoterapia para tratar a ansiedade e outras fobias.



Para mais informações, clique aqui

sábado, 24 de setembro de 2011

Tratamento de derrame com célula-tronco tem êxito em testes preliminares.

 Cientistas britânicos, esperam que células troncos auxiliem o organismo a reparar o tecido cerebral danificado pelo derrame.  O primeiro paciente no mundo a receber o tratamento foi um idoso. "Temos de estar satisfeitos em relação à segurança antes de podermos continuar testando os efeitos dessa terapia", afirmou o chefe da equipe, Keith Muir. Com a fase inicial concluída, a segunda fase será autorizada, onde o tratamento será realizado em um número maior de pessoas.
Segundo a OMS (Organização Mundial da Saude), derrames cerebrais seriam a terceira causas de morte no mundo. São 5,5 milhões de mortes por ano. Se tudo correr muito bem, a previsão mais otimista é de que o tratamento esteja disponível no mercado dentro de cinco anos.
 Inicialmente, os pacientes receberam doses muito pequenas de células-tronco, em testes cujo objetivo era avaliar quão seguro é o procedimento. No próximo ano, um grupo com no máximo nove pacientes receberá doses progressivamente maiores . Os médicos também vão usar os testes clínicos para avaliar a melhor forma de medir quão efetivo é o tratamento.

Referência Bibliográfica: http://www.bbc.co.uk/portuguese

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Um pâncreas artificial capaz de curar diabetes tipo 1?


            Pacientes com diabetes passam por muitas dificuldades, em vista da necessidade de tomar injeções de insulina diariamente, do constante controle de hábitos alimentares e de consultas médicas para tratamento e manutenção da saúde. Essa rotina pode um dia se tornar história médica.
            Para tentar dar aos diabéticos uma chance de vida normal, sem essa constante preocupação, está sendo desenvolvido um pâncreas artificial pela clínica Mayo, que com um adesivo colocado na área abdominal pode medir continuamente o nível de açúcar, e uma pequena bomba que injeta a insulina por baixo da pele. Foi desenvolvido também por bioengenheiros italianos um programa de algoritmos, ligando o adesivo a bomba.
            Este programa estará carregado com informações sobre o paciente, gerando um sistema autônomo que praticamente se auto gere, retirando a necessidade do paciente de manuseá-lo. A precisão do tratamento é chave, pelo fato do pâncreas produzir quase nenhuma insulina, sendo que níveis anormais de açúcar no sangue podem levar a complicações sérias, como infarto, derrame ou danos nos nervos, olhos e rins. Esse sistema poderá eventualmente tratar até mesmo pessoas com diabetes tipo 2, na qual o corpo resiste à insulina.
            O pâncreas artificial faz parte do esforço para tratar as milhões de pessoas que sofrem de diabetes, desenhado para reproduzir o efeito do metabolismo humano, um processo muito complexo que consiste na absorção de energia da comida ingerida. As muitas variantes fisiológicas que compõe o ser humano fazem deste um desafio, por isso novas descobertas sobre o funcionamento do corpo estão sendo levadas em consideração quando inseridas no programa de algoritmos, levando a um tratamento melhor do paciente.

 


quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Primeiro feijão transgênico produzido no Brasil protege plantas contra vírus

Feijão com a doença do mosaico dourado

A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) aprovou a produção de um feijão geneticamente modificado desenvolvido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). A alteração impede que a planta contraia a doença conhecida como mosaico dourado, capaz de dizimar plantações inteiras. “O que está em jogo não é só o feijão”, afirma o engenheiro agrônomo Francisco Aragão, da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (Cenargen), um dos responsáveis pelo desenvolvimento do novo transgênico junto com Josias Faria, da Embrapa Arroz e Feijão. “O que está em jogo é também o fato de que demonstramos que é possível gerar e produzir essa tecnologia no Brasil, e numa instituição pública.”
A nova tecnologia pode permitir que entre 9 e 18 milhões de pessoas se alimentem com o feijão que antes era descartado devido à contaminação do vírus.
Para combater o vírus, os pesquisadores da Embrapa fizeram uso dos próprios mecanismos de defesa do feijão. Aragão explica que as plantas, em vez de anticorpos, combatem as doenças com pequenos fragmentos de RNA, o RNA de interferência (RNAi). É um sistema imunológico inato, embutido no material genético do organismo. No caso específico do feijão e desse tipo de vírus, o RNAi evita que seja produzida uma proteína (REP) essencial para a replicação dos invasores. Mas essa defesa não é ativada de imediato. Os pesquisadores anteciparam a produção dessas moléculas de RNAi. Isso foi possível pela inserção no DNA da planta do trecho do material genético viral para a produção dos pequenos RNAs que regulam a produção da proteína REP. Essas moléculas também são produzidas no feijão comum, mas na planta transgênica um promotor (algo como um interruptor que, quando ligado, ativa o gene a que está atrelado) constitutivo faz com que esse RNA seja produzido o tempo todo. Assim, o vírus é combatido de imediato a qualquer momento que entre nas células das folhas, das vagens ou do caule do feijão.
Além de reduzir a mortalidade nas lavouras de feijão, o aumento na capacidade de a planta combater a doença por conta própria reduziria em muito o uso de inseticidas nas plantações, usados para combater as moscas-brancas. A produção se tornaria assim menos nociva à saúde e também mais barata.





quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Veias artificiais são criadas por cientistas

Pesquisadores do Instituto Fraunhofer, da Alemanha, conseguiram criar uma veia artificial a partir de uma impressora 3D. Para tanto, eles utilizaram duas técnicas: a impressão 3D e a polimerização multifóton.

A primeira técnica é realizada por impressoras 3D, capazes de gerar objetos a partir de diversos materiais. Elas aplicam o material em camadas determinadas e as unem através de radiação ultra-violeta, tudo de acorde com um design já determinado. O uso da tinta também foi importante. Foi utilizado uma mistura de polímeros sintéticos com biomoléculas, que dá ao material propriedades como flexibilidade e elasticidade. 

Mas só essa técnica não era capaz de criar os vasos artificiais, então os cientistas a uniram a outra técnica: a polimerização de dois-fótons. Nessa técnica, pulsos de laser estimulam, em determinados pontos, as moléculas do material em criação. Essas duas técnicas unidas faz com que o material final seja um sólido elástico, semelhante aos vasos humanos naturais.

Apesar dessa pesquisa ainda ser inicial, ela já possui um grande na reconstrução de tecidos humanos pois abre portas para o conhecimento de como construir órgãos sintéticos, que poderão ser utilizados para transplantes humanos, diminuindo muito a enorme fila que o mundo possui.

Fonte: INFO Online

terça-feira, 20 de setembro de 2011

A primeira Célula Sintética

Em maio de 2010, o famoso cientista Craig Venter anunciou a criação da primeira célula sintética.
Craig ficou conhecido depois de criar um grupo de pesquisa privado para concorrer com o Projeto Genoma Humano do governo, acelerando, em meses, o sequenciamento do nosso código genético.
Depois desse embate, Venter fundou uma empresa que se dedica a estudar todos os aspectos e avanços da biologia sintética.

E sua última conquista foi o desenvolvimento de um genoma completamente artificial, ou seja, feito em laboratório, mas com as mesmas substâncias do genoma natural, e o colocou em uma célula bacteriana sem código genético.
A partir da inserção desse genoma na célula bacteriana, ela começou a produzir das proteínas desse DNA e se modificou completamente, tornando-se, então, uma nova célula.
Muito cientistas alegam que esse experimento não consiste na criação de uma célula sintética, pois a estrutura da célula veio de uma bactéria já formada, mas concordam que o genoma desenvolvido foi o maior feito em laboratório até agora, com cerca de 1 milhão de unidades de comprimento (bases nitrogenadas).

Sendo uma célula sintética ou não, Craig Venter deu mais um grande passo no entendimento do desenvolvimento da vida!

Para ver a reportagem inteira, clique aqui!


segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Bactérias contra a dengue

Aedes aegypti - mosquito transmissor da dengue

     Uma equipe internacional de pesquisadores descobriu que a inserção de uma nova cepa da bactéria Wolbachia em mosquitos Aedes aegypti impede que eles transmitam dengue para as pessoas, sem prejudicar os próprios insetos. Um dos membros da equipe é o engenheiro agrônomo brasileiro Luciano Andrade Moreira, do Centro de Pesquisas René Rachou da Fundação Oswaldo Cruz, em Minas Gerais. Ele tenta obter apoio do Ministério da Saúde para realizar estudos com as variedade do vírus da dengue comuns no Brasil e posteriormente verificar o que ocorreria se os insetos inoculados com as bactérias fossem soltos no ambiente.
      Já era de conhecimento dos pesquisadores que a mesma bactéria, encontrada nas pequenas moscas-das-frutas Drosophila, evitava infecções por vírus nesses insetos. Então, surgiu a ideia de inserí-la no mosquito transmissor do vírus da dengue. Testes realizados mostraram que o Aedes aegypti se contamina com o vírus, mas não consegue passá-lo para as pessoas – a explicação para isso ainda é desconhecida. “Pode ser que haja uma competição em nível celular entre o vírus e a bactéria, presente desde o intestino até as glândulas salivares do Aedes aegypti”, afirma Moreira. “Além disso, o inseto com a bactéria tem a imunidade melhorada”, completa.
     Através do estudo foi possível verificar também que a bactéria é transmitida de geração em geração do mosquito e que os mosquitos infectados tem vantagem reprodutiva sobre os demais, uma vez que a fêmea com a bactéria é capaz de produzir ovos depois de cruzar com machos infectados ou não pela mesma bactéria, enquanto que as fêmeas sem a bactéria só conseguem se reproduzir quando cruzam com machos também não infectados. Dessa forma, a tendência esperada é que a população de mosquitos com bactéria se torne predominante com o decorrer do tempo, tornando o risco de transmissão de dengue muito menor.

domingo, 18 de setembro de 2011

Biólogos criam primeiros cromossomos sintéticos

Olá, leitor do blog! Hoje trazemos uma reportagem que trata do que chama-se biologia sintética, uma nova área de pesquisa da biologia que combina ciência e engenharia. Em síntese, é designada como o desenho e construção de novas estruturas e sistemas biológicos que não existem na natureza.


Com o anúncio de que cientistas nos EUA criaram os primeiros cromossomos ("novelos" microscópicos que abrigam o DNA) parcialmente sintéticos, a era dos seres vivos sob medida ficou um pouco mais próxima no dia 15 de setembro de 2011.



O feito dá mais peso aos planos de usar micro-organismos especialmente projetados para produzir biocombustível abundante e barato, fabricar plástico sem usar o petróleo como matéria-prima ou criar micróbios devoradores de poluição, entre outras possibilidades que ainda soam como ficção científica.


A viabilidade dessas ideias mirabolantes cresce graças à nova pesquisa porque o micróbio sintético é o fungo Saccharomyces cerevisiae, um velho conhecido da humanidade, usado como fermento biológico para pães ou para produzir vinho e cerveja. Mas mesmo os fungos mais adaptados ao uso industrial ainda deixam a desejar.


Fabricar cromossomos inteiros desses organismos, a gosto do freguês, acabaria com a "greve" das leveduras, aumentando muito a produtividade das usinas de etanol. E isso é só o começo. Um cromossomo artificial com os genes responsáveis características vantajosas, inserido numa levedura industrial, poderia revolucionar a produção de matérias-primas.


A reportagem completa pode ser acessada clicando-se aqui.

sábado, 17 de setembro de 2011

Embalagem de material renovável tem ação antimicrobiana

          Na Escola Politécnica (Poli) da USP, cientistas desenvolveram uma embalagem ativa feita com fécula de mandioca, que utiliza recursos naturais renováveis e aumenta a vida de prateleira dos alimentos. A embalagem possui em sua composição extratos de óleos essenciais com função antimicrobiana, que ajudam a conservar os produtos embalados por mais tempo. Além disso, a adição de nanopartículas de argila tornou a embalagem mais resistente e menos permeável à entrada de água e oxigênio, evitando o desenvolvimento de micro-organismos.
                          
                              

         Além de formular uma embalagem de fonte renovável, procurou-se adicionar ainda um óleo essencial natural com atividade antimicrobiana, evitando deterioração e aumentando a vida de prateleira do produto embalado.
         As pesquisas com filmes plásticos flexíveis de fécula de mandioca começaram em 2005, a partir de um projeto desenvolvido na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Os experimentos tiveram o apoio da Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
          


Gostou? Veja a notícia completa clicando AQUI

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Geradores de oxigênio implantáveis otimizam tratamento anticâncer


Um grupo de pesquisa dos Estados Unidos anunciou a criação de minúsculos geradores de oxigênio que poderão ser implantados diretamente nos tumores. Dessa forma, ao gerar oxigênio localizadamente, eles podem otimizar o efeito da radioterapia e da quimioterapia.
Segundo o Dr. Babak Ziaie, da Universidade Purdue, nos Estados Unidos, os tumores sólidos costumam ser "hipóxicos" no centro, ou seja, apresentarem um baixo nível de oxigênio. "Isto não é bom porque a radioterapia precisa de oxigênio para ser eficaz."

Geradores de oxigênio implantáveis otimizam tratamento anticâncer

O novo gerador de oxigênio implantável é um pequeno aparelho eletrônico que recebe sinais de ultrassom e usa a energia dessas ondas para gerar uma pequena corrente elétrica.

Os pequenos dispositivos foram testados em tumores pancreáticos em camundongos.Tratados com a quimioterapia tradicional, os que receberam o implante responderam ao tratamento de forma significativamente melhor, graças ao oxigênio gerado no ponto onde o elemento é mais necessário.
Agora que o conceito se mostrou eficaz, os cientistas querem miniaturizá-lo ainda mais e fabricá-lo em um desenho que facilite seu implante.

Fonte: Inovação Tecnológica
Bibliografia: An Ultrasonically-Powered Implantable Micro Oxygen Generator (IMOG)Teimour Maleki, Ning Cao, Seung Hyun Song, Song-Chu Ko, Babak ZiaieTransactions on Biomedical EngineeringVol.: PP, Issue: 99DOI: 10.1109/TBME.2011.2163634

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Gato fluorescente testa tratamento anti HIV


Pesquisadores da Mayo Clinic, nos Estados Unidos, conseguiram criar gatos transgênicos capazes de atacar o vírus da AIDS felina.

Para isso, eles inseriram no genoma do gato, parte de gene do macaco rhesus responsável pela síntese do fator de restrição TRIMCyp, que bloqueia o FIV (vírus da imunodeficiência felina), pois ataca e desabilita a camada externa do vírus.
Juntamente com esse gene, eles inseriram um gene de alga-viva capaz de produzir uma substância fluorescente, para poderem marcar se a inserção dos dois genes foi efetiva. Essa modificação foi a primeira bem sucedida em animais carnívoros.
O método de inserção se mostrou muito eficiente pois já nasceram filhotes de gatos transgênicos e eles possuem o gene da fluorescência e do fator de restrição.
Entretanto, essa técnica de modificação gênica não será utilizada para se obter a cura da AIDS em felinos e humanos. Ela será apenas utilizada para se estudar como funciona esse fator de restrição e a partir desse estudo tentar obter uma cura efetiva.

Fonte: INFO Online

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Grande inovação em pequena escala

A nanotecnologia é uma ciência que estuda novas propriedades e fenômenos em materiais que contêm um tamanho relativamente pequeno, equivalente a 1 milímetro dividido por 1 milhão de vezes. Partículas com essa característica, quando incorporadas a outros produtos, podem promover uma série de benefícios aos consumidores, sendo alguns exemplos, existentes no Brasil, nanopartículas que têm funções como combater microrganismos ou garantir maior eficiência de adesivos.
Nanopartículas de prata ampliadas
Imagine que você esteja em uma sala, sendo atendido por um dentista e que, provavelmente, sua boca será examinada com a mesma mão que ajustou a iluminação sobre a cadeira odontológica ou que pegou certo aparelho, usado durante a consulta. Muitas bactérias estão presentes nos equipamentos e partir disso, a nanotecnologia aparece para solucionar o problema: Esses objetos, entre outros como a cadeira de dentista, mangueiras e bandejas, podem ser recobertos de material com nanotecnologia de prata que provoca reação na parede celular dessas bactérias, eliminando-as e evitando possíveis contaminações para o paciente seguinte.
A empresa brasileira Nanox, de São Carlos (SP), licencia e coordena a produção e aplicação de produtos tecnológicos com ação antimicrobial, os quais também encontram-se em bebedouros de aço inoxidável e plástico da empresa IBBL, de Itu (SP), como bactericida, e nos secadores de cabelo e chapas de alisamento da  empresa Taiff, sendo as nanopartículas responsáveis por eliminar microrganismos presentes nos jatos de ar ou nas chapas, tornando os cabelos mais limpos.
Percebe-se, então, que os usos da nanotecnologia são ilimitados, podendo abranger desde a sofisticação de sacos de lixo para área hospitalar a tapetes e carpetes onde o objetivo seria eliminar ácaros, agentes relacionados à alergia. Com tantos lançamentos e possibilidades de aplicações nanotecnológicas, a Nanox, que tem concorrência de outras empresas estrangeiras, não deixa de ter contato mais próximo com as universidades brasileiras, como a UFSCar e Unesp, as quais apoiam a pesquisa de alta tecnologia no Brasil e auxiliam esses produtos oferecendo estudos em seus laboratórios equipados, com a finalidade de avaliar o que realmente é nanométrico e quais podem ser suas funções.

Outras utilidades da nanotecnologia já postadas no Blog:
- "Super areia deixa água cinco vezes mais pura"
- "Nanopartículas magnéticas fritam tumor"

Fonte: Revista Pesquisa FAPESP Online - Link

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Flor ajuda em pesquisas do combate ao câncer

Açafrão-do-prado
O açafrão-do-prado (Colchicum autumnale) é uma flor que pode ser usada em um novo medicamento para combater o câncer. A planta tem histórico de uso venenoso e medicinal, na Grécia e Egito antigos, e uma pesquisa feita por britânicos da Universidade de Bradford diz que seu extrato pode destruir células cancerosas. Inserido em determinado organismo, a substância circula na corrente sanguínea mas só é ativada na presença da enzima emitida pelos tumores malignos que promovem a invasão aos tecidos do seu redor. Essa característica acaba promovendo o ataque do medicamento apenas às veias que alimentam o tumor, fazendo com o que o câncer morra de "inanição", além de aparantemente não danificar os tecidos saudáveis.
A droga foi testada com sucesso em camundongos contra câncer de mama, pulmão, intestino e próstata, sendo afirmada pelos pesquisadores que ela deve ser eficiente contra qualquer tipo de tumor sólido. Tentativas anteriores de usá-la contra o câncer fracassaram devido à alta toxicidade do composto, entretanto, o problema foi solucionado após a equipe britânica ter conseguido torná-la inofensiva até entrar em contato com o tumor.
Pacientes do Hospital de St.James, em Leeds, poderão ser os primeiros a testar o novo medicamento dentro de 18 a 24 meses.

Fonte: BBC Brasil - Link




Curativo de óleo de açaí é eficiente para problemas de pele

O óleo de açaí juntamente com curativo para lesões pode acelerar a regeneração da pele

Com o objetivo de aliar as propriedades regenerativas do óleo de açaí com os hidrogéis de polivinilpirrolidona (PVP), específicos para lesões de pele, o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), associado à USP, criou um dispositivo que pretender unir e potencializar o poder de cura para queimaduras e doenças, como dermatites.
O dispositivo, que ainda está em fase de testes, irá prevenir e tratar condições anormais da pele, como dermatites, escamações e ressecamento, e auxiliará no processo de regeneração da mesma. “A ideia inicial era unir os benefícios do óleo açaí, que é rico em ácidos graxos essenciais e com um grande poder de regeneração do tecido epitelial, com os hidrogéis PVP, que são os curativos que apresentam bons resultados em casos como queimaduras”, relata Ana Carolina Henriques Ribeiro Machado, pesquisadora responsável pelo desenvolvimento do dispositivo.
Entre os ácidos graxos essenciais presentes no açaí estão o Ômega 3,6 e 9, além de uma grande quantidade de anti-oxidantes, todos fundamentais para acelerar o processo de regeneração da pele. Por outro lado, o hidrogel de PVP funciona como uma espécie de curativo rico em água, que hidrata e não gruda no ferimento. Devido a essas características, o PVP é amplamente utilizado em tecidos ressecados ou que sofreram queimaduras.
Radiação
O principal desafio da pesquisa foi unir elementos insolúveis como a água e óleo. “Pelo PVP ser formado por 90% de água em forma gelatinosa, tivemos dificuldade em misturar a solução de óleo de açaí no dispositivo”.
Por meio de radiação controlada, tornou-se possível unir as moléculas e, com isso, formar uma rede que conecta a água ao óleo. “Os resultados foram animadores, principalmente depois que constatamos que os anti-oxidantes presentes protegeram a composição de ácidos graxos do óleo de açaí, o que certamente também acontecerá na pele ressaltando os benefícios do açaí ”, afirma Ana.
Após a inserção do óleo de açaí no dispositivo, foram realizados testes em dois dispositivos diferentes de hidrogel de PVP para verificar a irritação cutânea em animais e a liberação durante 24 horas do óleo sobre o ferimento.
“Os resultados dos testes foram animadores. Eles demostraram que o sistema foi eficiente na liberação do ativo de açaí e que o produto tem grande potencial de mercado e custo reduzido”, conclui Ana.
A pesquisa foi orientada pelo professor Ademar Benévolo Lugão, diretor do Ipen, e ainda aguarda mais testes in vitro e in vivo para sua implementação em humanos.


domingo, 11 de setembro de 2011

Você é o que você come


Nós, seres humanos, não somos unidades indivisíveis. Ao contrário, nós somos um ecossistema complexo onde habitam, por exemplo, colônias de bactérias responsáveis pela nossa digestão. Ainda na boca, a saliva contém bactérias que dão início ao processo digestivo. No estômago, a decomposição do alimento termina com o auxílio dos ácidos estomacais e de outras bactérias. Já no intestino, estão concentradas as bactérias que absorvem para o organismo os nutrientes do alimento.


No começo do ano, uma equipe de geneticistas descobriu que os microbiomas que povoam o sistema digestivo dos seres humanos variam entre os indivíduos. Essa variação, como se descobriu, não estava ligada a etnia, região, cultura, sexo, classe econômica ou idade. O que se sabia era que a humanidade está dividida em grupos de acordo com a prevalência de uma ou outra espécie de bactérias: a Prevotella, a Bacteroides e a Ruminococcus.

Um estudo publicado na revista Science no começo do mês trouxe a explicação para essa diferenciação. Segundo os geneticistas da Universidade da Pensilvânia, na Filadélfia, EUA, a fauna bacteriana de cada indivíduo varia de acordo com a alimentação da pessoa. A Prevotella se mostrou dominante entre os vegetarianos, a Bacteroides entre os carnívoros e a Ruminococcus entre aqueles que tem consumo elevado de álcool e de gorduras poli-insaturadas. Apesar de ocorrer a dominância de uma espécie, isso não quer dizer que apenas um exista em cada ser humano. Ao contrário, os três grupos habitam o intestino de qualquer indivíduo.

Com isso, ficou a pergunta: são as bactérias que influenciam o paladar ou é a dieta que determina a flora intestinal? Se a resposta for que as bactérias determinam nosso paladar, isso pode gerar novos tratamentos que, mudando a composição de nossa flora intestinal, nos ajudem em dietas, na intolerância a lactose, na eliminação de açúcar em diabéticos e no combate ao alcoolismo.

Fonte: http://revistaepoca.globo.com/Ciencia-e-tecnologia/noticia/2011/09/voce-e-o-que-voce-come.html

sábado, 10 de setembro de 2011

Descoberta mutação que gera câncer infantil


Linfócitos: importante para a regulação do sistema imunológico
    A imunodeficiência é uma doença muito grave, que nos anos 70 ficou conhecida como síndrome da bolha, em razão de seus portadores terem de viver dentro de bolhas esterelizadas, pois qualquer vírus ou bactéria inofensiva para outras pessoas poderia ocasionar a morte do portador. Um grupo  internacional de pesquisa, com a participação de brasileiros, se fez as seguintes perguntas: “Existe outra mutação que, em vez de eliminar as células de defesa, faça o oposto e leve à produção contínua delas, causando leucemia?”. Como resposta, obtiveram um sim. O grupo encontrou uma  mutação específica, descrita na revista Nature Genetics do dia 04/09/2011, que leva à leucemia linfoide aguda T (LLA-T), comum em crianças e em adolescentes.
A mutação altera o gene codificador de uma proteína fundamental para o desenvolvimento e o amadurecimento de um tipo importante de células de defesa, os linfócitos ou células T. A alteração afeta o gene do receptor de interleucina-7 (IL7R), proteína localizada na superfície das células T, um tipo de linfócitos responsável pelo reconhecimento e neutralização de vírus e bactérias. Com o receptor de IL7R alterado, as células T passam a se multiplicar incessantemente.
     Essa mutação é resultado de uma inserção do aminoácido cisteína no gene do IL7R. “A cisteína corrompe o funcionamento normal do receptor, facilitando a ligação de duas moléculas mutantes de IL7R”, explica um dos autores, José Andrés Yunes, do Centro Infantil Boldrini e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), ambos em Campinas. Essa mutação está associada ao risco de originar o câncer. “Ainda assim, a doença é resultado do acúmulo de mutações em mais de um gene. Precisamos descobrir quais outras colaboram com o IL7R defeituoso”, conta Yunes.
     Dentre os pesquisadores responsáveis pela descoberta, estavam os brasileiros José Andrés Yunes, André Bortolini Silveira, Priscila Pini Zenatti, ambos do Centro Infantil Boldrini, em Campinas, e Silvia Brandalise, diretora da instituição, Jorg Kobarg, do Laboratório Nacional de Biociências (LNBio). Os pesquisadores encontraram a mutação em 10% dos 201 pacientes com leucemia linfoide aguda T que participaram do estudo. Para confirmas a hipótese da mutação, o gene defeituoso foi inserido em ratos de laboratório: os animais ficaram doentes, desenvolveram tumores e tiveram as células leucêmicas infiltradas em diversos orgãos.

Novo tratamento e prevenção

     Segundo Yunes, apesar da gravidade da doença, em torno de 75% dos pacientes com leucemia linfoide aguda conseguem se recuperar. A nova descoberta pode levar ao uso de medicações específicas que ajudem a melhorar o quadro e curar mais pessoas acometidas por esse câncer. Drogas em fase de testes clínicos para o tratamento de outras doenças como a artrite reumatóide conseguiram barrar a proliferação e eliminar as células mutantes na leucemia. “É possível também desenvolver anticorpos para reconhecer o receptor mutante sem afetar as células normais do organismo”, conta Yunes. 
     O pesquisador disse que é improvável que a mutação causadora da leucemia linfoide aguda T seja hereditária, pois, nesse caso, mais pessoas da família apresentariam a leucemia disparada por essa mutação, o que é raro. “Vamos estudar se existe alguma interferência ambiental para que essa mutação ocorra. Suspeitamos que o dano possa ser causado durante a gravidez”.
Pesquisas epidemiológicas apontam que o uso inadvertido de hormônios ou até mesmo do antitérmico dipirona no período da gestação parece estar associado ao aumento do risco de o recém-nascido desenvolver leucemia. ““Porém, é preciso realizar estudos com maior número de lactentes doentes para obter resultados conclusivos.”
     A leucemia responde por aproximadamente 30% dos casos de câncer em menores de 15 anos no Brasil. A doença tem vários tipos, dos quais a leucemia linfoide aguda é o mais comum, com a ocorrência de dois mil novos casos por ano, segundo o Ministério da Saúde. Seu subtipo leucemia linfoide aguda T corresponde a 15% desses casos, de acordo com José Andrés Yunes.