segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Ferramenta Genética: identificados marcadores moleculares de carne macia em gado nelore

Estudos realizados por uma rede coordenada de pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), da unidade Pecuária Sudeste (em São Carlos) e da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), mostraram que uma nova tecnologia possibilita prever se um determinado animal da raça nelore terá ou não uma carne tenra.
A tecnologia consiste no uso de marcadores moleculares, isto é, variações na sequência de DNA que permitem diferenciar os indivíduos de uma espécie e identificar os animais com predisposição genética para ter a carne mais macia.
A importância dos resultados dessa pesquisa para a pecuária nacional é consequência de um estudo anterior realizado com a raça canchim. Tal raça foi desenvolvida na década de 1940, a partir de uma raça de origem francesa e outra de gado zebuíno. Essa mistura de raças teve como objetivo reunir qualidades como a rusticidade e a capacidade de adaptação às condições tropicais brasileiras. O interesse em localizar os genes que contribuem para as diferenças na produção e qualidade da carne de bovinos é o motivo que explica o uso de marcadores moleculares, os quais nem sempre produzem diferenças visíveis entre os indivíduos, mas podem ajudar a localizar regiões do genoma que produzem tais diferenças. Durante esses estudos realizados com o gado canchim, foi possível coletar informações sobre a espessura de gordura subcutânea (EGS), cuja importância está ligada ao melhor desempenho econômico da raça, pois ajuda na proteção da carne durante o armazenamento sob refrigeração.
Dessa forma, o grupo resolveu procurar variações no gene DDEF1, responsável pela presença da proteína DDEF1, que está envolvida na capacidade do animal em produzir e armazenar gordura corporal. O maior conhecimento a respeito do gene possibilitaria saber qual o tipo de relação entre as variações do gene e a quantidade de gordura subcutânea no canchim.

Para identificar as associações entre os marcadores e as características de interesse é necessário ter informações fenotípicas, como a EGS e a área do olho do lombo, a AOL (seção do músculo traseiro correspondente ao contrafilé). Essa área é usada como uma medida relacionada com a produção de carne do animal. Assim, pesquisadores submeteram os dados a modelos matemáticos que permitem incluir os efeitos ambientais e genéticos relacionados às características de produção e, dessa maneira, com o avanço das metodologias de análise de marcadores, será possível predizer um valor genômico para cada animal, o qual indicaria com maior precisão a influência dos genes nas características de tais animais.
Com base nesses estudos, foi possível formar uma rede de pesquisa, na qual os pesquisadores avaliam a variabilidade genética de animais da raça nelore para a conseqüente avaliação da qualidade e eficiência na transformação de alimentos em carne, seu temperamento, entre outras características. No decorrer das análises, foi descoberta uma associação entre a variante associada à maior área do olho do lombo e a maior maciez da carne. Logo, a seleção do nelore com base nessa variação deve aumentar a musculosidade e a maciez da carne, trazendo nao só benefícios econômicos, mas também a necessidade de uma menor área de produção, menor emissão de gases de efeito estufa, já que são animais mais eficientes, entre outros. A próxima etapa do grupo de pesquisa é encontrar potenciais parceiros que sejam capazes de comercializar a tecnologia, já que esta ainda não se encontra disponível para produtores.

Para ler a reportagem na íntegra, acesse: http://revistapesquisa.fapesp.br/?art=4328&bd=1&pg=1&lg=
Fonte: Revista Pesquisa Fapesp - Janeiro/2011 - n°179

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