quinta-feira, 30 de junho de 2011

Este post tem como objetivo esclarecer algumas dúvidas sobre o processo de irradiação de alimentos 

Temido por alguns e pouco conhecido pela maioria da população, o processo de irradiação de alimentos já é uma etapa muito comum na indústria do gênero, e provavelmente já faz parte de sua dieta. 


Mas afinal oque é a irradiação de alimentos?

 O processo de irradiação consiste em submeter os alimentos, já embalados ou a granel, a uma quantidade controlada de radiações ionizantes (alfa, beta, gama, raios X e nêutrons), por um tempo prefixado. “É importante conhecer bem a dose e o tempo de exposição à radiação, os quais variam de acordo com o tipo de alimento”, ressalta a agrônoma Lucimeire Pilon, que faz doutorado no Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena/USP) sob orientação de professores do Departamento de Agroindústria, Alimentos e Nutrição da Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" (Esalq/USP). Consegue-se, desta forma, retardar a maturação de frutas e legumes, inibir o brotamento de bulbos e tubérculos, eliminar ou reduzir a presença de parasitas, fungos, bactérias, leveduras e vírus, aumentando a vida útil dos alimentos e auxiliando na sua distribuição e comercialização.



Nas imagens pode-se observar o retardamento da maturação de alimentos ocasionado pelo processo de irradiação em relação ao controle (sem irradiação)


Como nos demais métodos de conservação de alimentos (pasteurização, congelamento, etc), a irradiação ocasiona perdas de macro e micronutrientes, bem como variações na cor, sabor, textura e odor. Mas as alterações químicas provocadas nos alimentos são mínimas e nenhuma delas nociva ou perigosa, segundo o Cena/USP.

Já no contexto popular.... é muito comum encontrar uma certa resistência do consumidor quando se trata de incluir alimentos irradiados na dieta."Se você perguntar ’você comeria alimentos irradiados?’, a resposta invariavelmente será ’não’", diz o físico Alexandre Soares Leal. A não aceitação por parte das pessoas decorre, entre outros fatores, da relação que se faz entre irradiação e radioatividade. Segundo ele, a contaminação radioativa pressupõe o contato físico com uma fonte radioativa, enquanto a irradiação é a energia emitida de uma fonte de radiação. Desta forma, os alimentos irradiados não se tornam radioativos, pois não contêm a fonte de radiação (apenas recebem a energia).

Vários produtos irradiados, sobretudo especiarias, estão presentes no nosso dia-a-dia. Segundo Lucimeire Pilon, um exemplo são as especiarias usadas nos salgadinhos industrializados, tipo fandangos e batatinha frita. Contudo, poucas empresas informam no rótulo o uso desse procedimento, o que contradiz as normas da ANVISA sobre rotulagem. Atualmente no Brasil é muito provável que existam mais ingredientes irradiados do que alimentos irradiados em si. 

Então na próxima vez que for consumir salgadinhos lembre-se que, provavelmente durante alguma etapa do processamento deste produto, ingredientes irradiados foram utilizados, e não se espante, já que agora você sabe que este processo é seguro e só vem trazer benefícios ao consumidor final. 

Fonte: labjor.unicamp.br
          cena.usp.br

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Uma idéia brilhante!

Neste post, falaremos um pouco sobre uma descoberta que se tornou muito útil para o campo da Biotecnologia. Em 2008, o prêmio Nobel de química foi para Osamu Shimomura por sua idéia literalmente brilhante. Ele conseguiu, em 1960, isolar de águas-vivas uma proteína responsável por emitir fluorescência verde!
Essas águas-vivas são seres bioluminescentes, ou seja, animais que emitem luz visível com o intuito de se comunicar com o ambiente. Existem alguns tipos de animais bioluminescentes, a maioria marinha, como águas-vivas. celenterados e bactérias, e alguns terrestres como os vaga-lumes e alguns fungos.
Mas, por que essa proteína, chamada de GFP, se tornou tão importante no ramo da Biotecnologia?
Depois de seu isolamento e descoberta de sua estrutura, pesquisadores conseguiram colocá-lo no DNA de outros seres, começando com a bactéria E.coli e chegando nos famosos camundongos GFP. Esses camundongos fluorescem verde sob luz ultravioleta, o que tornou possível o acompanhamento de muitas células e vias metabólicas do organismo de mamíferos, como o desenvolvimento e metástase de um câncer, ou o acompanhamento da resposta imune do organismo, além de servirem como marcadores de genes que não se expressam em proteínas. Ou seja, a descoberta dessa proteína e sua utilização no meio científico tornou mais visível e fácil de identificar os processos realizados em laboratório em tempo real!

Hoje em dia, não se tem apenas as luminescências verdes, mas já se conseguiu luminescências de quase todas as cores, como azul, amarela e vermelha. Além disso, não se manteve a técnica apenas para fins científicos e acadêmicos, como se pôde notar pela criação do primeiro cachorro que brilha no escuro, em 2009, o pequeno Ruppy.

É válido lembrar que animais transgênicos para a fluorescência não sofrem nenhum tipo de alteração fisiológica, sendo um processo seguro e completamente inócuo.

Para ver a matéria sobre o Prêmio Nobel de Química, da revista Química Nova na Escola,  na íntegra, clique aqui!
Para ver a reportagem sobre o cachorro fluorescente, clique aqui!

terça-feira, 28 de junho de 2011

A fraqueza das células-tronco

Olá, boa noite!

O artigo de hoje envolve o tratamento da doença de Parkinson, tendo-se como ênfase a terapia celular com células-tronco, assim como um fator contaminante crucial nesse tratamento: os fibroblastos.

A verificação da hipótese da contaminação das culturas celulares por fibroblastos se deu por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), englobando centros de pesquisa como o Centro de Estudos do Genoma Humano da USP e o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Células-tronco em Doenças Genéticas Humanas.

Há três décadas a terapia celular tem sido uma fonte sucessiva de entusiasmo e decepção para os pacientes com mal de Parkinson, doença caracterizada pela morte progressiva dos neurônios responsáveis pela produção de uma importante substância química, o neurotransmissor dopamina. Ainda sem cura, o Parkinson atualmente é controlado com o auxílio de medicamentos, como a levodopa, que podem ser convertidos pelo cérebro em dopamina. Em casos mais graves há ainda uma segunda alternativa: implantar eletrodos no cérebro de pacientes que não respondem bem ao tratamento ou apresentam muitos efeitos colaterais em decorrência do uso dos remédios. Ligado a um pequeno gerador implantado debaixo da pele, os eletrodos tentam melhorar a comunicação entre os neurônios. A delicada cirurgia para a colocação dos eletrodos é conhecida como estimulação profunda do cérebro (deep brain stimulation, ou simplesmente DBS). Com exceção dessas duas abordagens, todos os demais procedimentos contra a doença ainda se encontram no estágio de testes, sem aprovação dos órgãos médicos.

Um grupo de biólogos e neurocientistas paulistas pode ter descoberto um dos motivos por trás do fracasso das antigas terapias celulares contra o Parkinson e talvez compreendido por que as versões mais modernas e refinadas desse tipo de tratamento experimental, hoje baseadas no emprego das chamadas células-tronco, continuam a dar resultados inconsistentes. Os transplantes que têm sido testados nos estudos pré-clínicos, em animais de laboratório, podem conter uma quantidade significativa de fibroblastos, um tipo de célula da pele extremamente parecido com algumas células-tronco, mas que tem propriedades totalmente diferentes. 

Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) publicaram no dia 19 de abril passado um estudo na versão on-line da revista científica Stem Cell Reviews and Reports mostrando que, em ratos com Parkinson induzido, a presença de fibroblastos humanos anula os possíveis efeitos positivos de um implante de células-tronco mesenquimais, obtidas do tecido do cordão umbilical de recém-nascidos.

É difícil prever se novas terapias  contra o Parkinson vão surgir de estudos como os feitos pelas equipes de Mayana Zatz, na USP, e Esper Cavalheiro, na Unifesp. Por ora, esses trabalhos, e também o de outros cientistas, ainda se constituem em linhas de pesquisa a serem trilhadas, e não em possibilidades imediatas de tratamento. Mas os médicos que cuidam das pessoas com Parkinson não veem motivo para pessimismo. Os pacientes vivem cada vez mais tempo com a doença, décadas inclusive, embora haja a questão delicada dos efeitos colaterais causados pelos remédios, e os eletrodos e baterias usados nas cirurgias DBS se tornam menores e mais eficientes.  “Ainda não sabemos como os neurônios ‘conversam’ entre si, mas hoje conseguimos registrar a atividade de uma quantidade maior de células no cérebro”, afirma o neurocirurgião Manoel Jacobsen Teixeira, professor da USP e membro do Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Sírio-Libanês, de São Paulo.

A notícia encontra-se na íntegra no link a seguir: http://www.revistapesquisa.fapesp.br/?art=4410&bd=1&pg=1

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Neurônios imperfeitos

O neurocientista brasileiro Stevens Rehen investigava o desenvolvimento cerebral de roedores em 2001 quando constatou que uma em cada três células do cérebro em formação continha uma quantidade de material genético bem diferente da esperada. Essas células anormais continham cromossomos a mais ou a menos, fenômeno conhecido como aneuploidia, e não eram eliminadas durante o desenvolvimento do cérebro tanto dos roedores quanto dos humanos, sendo integradas às redes neurais e, aparentemente, funcionando como as demais células cerebrais.

Na tentativa de entender o que causava a aneuploidia observada nos seus experimentos com roedores e com amostras de tecido cerebral humando, Rehen e seu grupo na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) refizeram os testes, utilizando células de camundongos cultivadas em laboratório. A biomédica Rafaela Sartore induziu, no Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ, as células-tronco embrionárias e as células-tronco de pluripotência induzida a se transformarem em neurônios, as células que processam e armazenam informação no cérebro, e descobriu que a perda ou ganho de cromossomos ocorre durante o processo de diferenciação celular.

Nesta fase de diferenciação celular, Rafaela e Rehen observaram uma redução de 50% nos níveis da proteína survivina, que garante a migração adequada dos cromossomos da célula-mãe para as duas células-filhas. Com menos survivina disponível, o risco de surgimento de neurônios com cromossomos a mais ou a menos aumenta.

Esta descoberta possui implicações positivas e negativas. Ao mesmo tempo em que a aneuploidia pode ajudar a explicar diferenças comportamentais entre irmãos gêmeos idênticos ou o surgimento de doenças do cérebro, como o mal de Alzheimer, ela também complica o desenvolvimento de terapias com células-tronco para doenças neurodegenerativas, como o próprio Alzheimer ou Parkinson.

Para mais informações, acesse a matéria no site da Agência Fapesp: http://revistapesquisa.fapesp.br/?art=71587&bd=2&pg=1&lg=

domingo, 26 de junho de 2011

Vaca clonada produz leite humano

Pesquisadores argentinos conseguiram produzir uma bezerra que pode ser capaz de produzir um leite mais humanizado.

A bezerra Rosita ISA (foto) nasceu em abril e, quando adulta, pode ser capaz de produzir leite com características humanas. Ela foi produzida através da inserção de 2 genes que codificam 2 proteínas (a lactoferrina e a lisozima) no DNA de algumas células e essas células foram clonadas, os embriões obtidos a seguir foram gestados em outras vacas e um deles deu o nascimento da Rosita.

 O trabalho foi realizado pelas equipes de Germán Kaiser e Nicolas Mucci, do INTA, e Adrián Mutto, da UNSAM. Eles dizem que o leite produzido não visam substituir o leite materno, mas sim auxiliar a nutrição, já que o leite materno contém outros componentes, como os anticorpos maternos, que o leite de vaca não possui.

Para ler a matéria na íntegra, clique aqui.
Fonte: INFO

sábado, 25 de junho de 2011

Vacina cura câncer de próstata em ratos

         Uma equipe de pesquisadores da Mayo Clinic, liderada pelo Dr. Richard Vile, nos Estados Unidos, conseguiu resultados significativos no desenvolvimento de uma vacina para a cura de tumor em estágio avançado na próstata de ratos, aparentemente sem causar efeitos colaterais aos animais.
        O tratamento consiste em fazer com que o sistema imunológico do animal consiga se livrar do tumor sem a necessidade de quimioterapia ou radiação, mostrando-se bastante eficiente para tumores na próstata e melanoma, além de ter potencial para tumores no pulmão, cérebro e pâncreas.
       A vacina faz com que as células T do sistema imunológico ataquem somente as células cancerígenas da próstata, deixando o tecido saudável intacto. Para isso, os pesquisadores recolheram trechos do código genético da próstata humana saudável e juntaram com o DNA complementar de uma biblioteca (cDNA). Esses trechos de cDNA foram inseridos em vírus desativados, que serviram como vetores. No corpo do rato, o vírus espressa o mesmo antígeno do câncer e assim, o sistema imune ataca o vírus e, consequentemente, o câncer.

Gostou?
Para ver a reportagem completa clique aqui
Fonte: INFO Online


sexta-feira, 24 de junho de 2011

Super areia deixa água cinco vezes mais pura!

Cientistas desenvolveram uma técnica biotecnológica para transformar a areia comum - o material filtrante mais usado em todo o mundo para purificar a água potável - em uma "super areia".
A super areia tem uma capacidade de filtragem cinco vezes superior à da areia regular.
Nanomaterial
Mainak Majumder e seus colegas da Universidade Rice, nos Estados Unidos, lembram que a areia tem sido usada para purificar a água há mais de 6.000 anos - a areia ou cascalho de filtração de água é endossada pela Organização Mundial de Saúde.
A transformação da areia em super areia começou com o uso da nanotecnologia, ramo novo na área de biotecnologia. Um nanomaterial  chamado óxido de grafite.
Os pesquisadores usaram um método simples para recobrir os grãos de areia com as nanopartículas de óxido de grafite.
O novo material filtrante conseguiu remover inclusive o metal pesado mercúrio, além das moléculas de corantes diluídas na água.
Filtro de metais pesados
No teste com o mercúrio, a areia comum ficou saturada em 10 minutos de filtração, enquanto a super areia absorveu o metal pesado por mais de 50 minutos.
Segundo os cientistas, "o desempenho da filtragem é comparável a alguns filtros de carbono ativado disponíveis comercialmente." - com a vantagem de que a super areia deverá ser um material muito mais barato.
"Estamos agora pesquisando estratégias que nos permitirão montar as partículas funcionalizadas de óxido de grafite sobre os grãos de areia de forma a aumentar ainda mais a eficiência de remoção de contaminantes," escrevem eles.
A mesma equipe já havia desenvolvido um nanofiltro usando nanotubos de carbono,capaz de remover vírus e bactérias da água. A dificuldade de processamentos dos nanotubos de carbono, contudo, tornam aquele nanofiltro menos custo-efetivo.
Bibliografia:

Engineered Graphite Oxide Materials for Application in Water Purification
Wei Gao, Mainak Majumder, Lawrence B. Alemany, Tharangattu N. Narayanan, Miguel A. Ibarra, Bhabendra K. Pradhan, Pulickel M. Ajayan
Applied Materials & Interfaces
Vol.: 3 (6), pp 1821-1826
DOI: 10.1021/am200300u

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Unindo a Biologia com a Matemática!

Nesse post, trataremos sobre um assunto que mistura a biologia com a matemática e física, com o objetivo de produzir energia limpa. Cientistas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, descobriram uma forma de conseguir energia solar com a ajuda de um vírus!
A energia solar é a conversão do calor emitido pelo sol em energia elétrica, e isso acontece com a ajuda de pequenas placas que captam e armazenam esse calor, chamadas de células solares. No estudo, publicado na revista Nature Nanotecnology, as células solares possuíam estruturas microscópicas em forma de tubo, os nanotubos de carbono, para tentar aumentar a quantidade de calor convertido em energia elétrica. Apesar dos minúsculos nanotubos de carbono conseguirem aumentar a eficiência das células solares, os pesquisadores esbarravam em um problema: eles tendiam a ficar todos unidos, grudados, não cobrindo toda a extensão da célula, o que é uma grande desvantagem, pois muito calor era perdido nas partes descobertas, além de ocorrerem alguns curto-circuitos nos locais de união dos tubos.
Ai que entra a história do vírus! Um vírus, conhecido como M13, que não é perigoso para humanos, apenas para bactérias, consegue fazer com que os nanotubos de carbono fiquem nos seus devidos lugares! Isso por causa de uma proteína que interage fortemente com o carbono dos nanotubos e impede que eles se aproximem. Além disso, o vírus foi geneticamente modificado para produzir um filme de dióxido de titânio, componente da célula solar, o qual aumenta a proximidade entre o calor do sol e os nanotubos, aumentando, então, a taxa de conversão em energia elétrica.

A reportagem sobre o artigo pode ser vista, na íntegra, no site da Agência Fapesphttp://agencia.fapesp.br/13783
E, para aqueles que assinam a Nature Nanotecnology, o link do artigo completo (Virus-templated self-assembled single-walled carbon nanotubes for highly efficient electron collection in photovoltaic devices (doi:10.1038/nnano.2011.50)) é:  www.nature.com/nnano



quarta-feira, 22 de junho de 2011

      Seguindo o post anterior, hoje apresentaremos o perfil de cada palestrante do próximo evento da Biotec Júnior - curso "Bioinformática aplicada as Ômicas"

       Tie Koide - Transcriptômica

   Bacharel em Ciências Moleculares pela Universidade de São Paulo (2001), Doutora em Bioquímica pela Universidade de São Paulo (2006) com Pós-doutorado no Institute for Systems Biology, Seattle-EUA (2008). É docente do Departamento de Bioquímica e Imunologia – FMRP - USP. Atua na área de Microbiologia, Bioquímica e Biologia Molecular, com ênfase em Biologia Sistêmica, analisando dados de expressão gênica em larga escala e auxiliando no desenvolvimento de ferramentas de bioinformática. 
  
  Luciano Kishi - Genômica e Metagenoma

   Possui graduação em Ciências Biológicas - Faculdades Integradas Riopretense (1997), mestrado em Microbiologia Agropecuária - Faculdades de Ciências Agrárias e Veterinárias (2002) e doutorado em Microbiologia Agropecuária pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2007). Tem especialização em Bioinformática.

  Ricardo Vencio - Metabolômica

   Graduado em Física pelo IF-USP, mestre em Estatística pelo IME-USP e doutor em Bioinformática pela USP - Universidade de São Paulo; trabalha na criação de métodos matemáticos e computacionais para solução de problemas em Biologia e em Medicina. Em meados de 2008 integrou-se ao corpo docente da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - Universidade de São Paulo (FMRP-USP) como Professor Doutor MS-3 para atuar na área de Bioinformática do Departamento de Genética. Neste momento, fundou o LabPIB - Laboratório de Processamento de Informação Biológica (http://labpib.openwetware.org). Atualmente trabalha no recém criado Departamento de Computação e Matemática (DCM) dentro da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP-USP).   

  Darío Abel PalmieriIntrodução à Bioinformática

   Licenciado em Genética pela Universidad Nacional de Misiones, Argentina (1996), mestre (1999) e doutor (2003) em Ciências Biológicas (Genética) pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Atualmente é Professor Assistente Doutor do Departamento de Ciências Biológicas da Faculdadde de Ciências e Letras da UNESP de Assis. Tem experiência na área de Recursos Genéticos e Biotecnologia, com ênfase em Biologia Molecular, atuando principalmente nos seguintes temas: marcadores moleculares, caracterização molecular de germoplasma, bioinformática e biologia molecular.

    Mayra Costa da Cruz GalloBanco de Dados

   Possuo graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual de Londrina (1999), mestrado em Genética e Biologia Molecular pela Universidade Estadual de Londrina (2002) e doutorado em Agronomia (Genética e Melhoramento de Plantas) pela Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" - USP (2007). Atualmente estou desenvolvendo um estágio de pós-doutoramento junto à EMBRAPA soja, unidade de Londrina como bolsista PNPD/CAPES. Tenho experiência na área de Biologia Molecular, atuando principalmente nos seguintes temas: marcadores moleculares, clonagem, transcritômica, silenciamento via RNAi e superexpressão gênica, proteômica e bioinformática.   

  Marcelo Fábio Gouveia NogueiraIntrodução à Biotecnologia

   Possui graduação (1988), mestrado (2001) e doutorado (2005) em Medicina Veterinária pela FMVZ, Botucatu da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Atualmente é assessor Ad Hoc dos periódicos "Reproductive Biology and Endocrinology", "Animal Reproduction" e "Ciência Rural", bem como assessor científico para a publicação dos Anais da SBTE no periódico "Acta Scientiae Veterinariae" e para análise de processos para a FAPESP. É professor assistente doutor e Jovem Pesquisador Fapesp na Universidade Estadual Paulista (UNESP, Faculdade de Ciências e Letras, Câmpus de Assis). Participa, como docente e orientador, do programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas (Farmacologia), do Instituto de Biociências, UNESP, Campus Botucatu. Participou como coordenador de comunicação da Sociedade Brasileira de Tecnologia de Embriões (SBTE) nas gestões 2008/2009 e 2010/2011, é presidente da Comissão Interna de Biossegurança (CIBio) e vice-presidente da Comissão de Ética no Uso Animal (CEUA), ambas da Faculdade de Ciências e Letras, UNESP, Campus Assis. Tem experiência na área de Medicina Veterinária, com ênfase em Biotecnologia de Embriões, atuando principalmente nos seguintes temas: superovulação, transferência de embrião, receptor do LH, quimerismo embrionário e micromanipulação embrionária. 

     Mauricio Egidio Cantão Genômica e Metagenoma

   Graduação em Processamento de Dados pela Faculdade de Tecnologia (2001), Especialista em Bioinformática pelo Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC-2002). Doutor em Bioinformática pelo Instituto de Matemática e Estatística (IME-USP). Tem experiência na área Genômica, Transcriptoma e Metagenômica.

  Inscrições através do site: http://pdh.co/bioinfo

terça-feira, 21 de junho de 2011

Bioinformática aplicada as Ômicas

No começo de agosto a Biotec Júnior irá realizar o curso "Bioinformática aplicada as Ômicas". Mas afinal, o que é isso? Do que exatamente se trata? Qual a sua importância? O texto que se segue, retirado do artigo "Recursos de Bioinformática aplicados às ciências Ômicas como Genômica, Transcriptômica, Proteômica, Interatômica e Metabolômica" irá responder todas essas perguntas de forma simples e objetiva.

"Os dados gerados pelo sequenciamento dos genomas de diferentes organismos transformaram a biologia. A integração de várias áreas do conhecimento permitiu avançar os estudos em relação à genômica, os processos de transcrição das informações contidas nos genes, a transcriptômica, bem como a compreensão do conjunto dos produtos destes genes pela proteômica. No início desta década com o advento do genoma humano também se iniciava as discussões e as ações para uma nova era da biologia, a “era pós-genômica”. Neste contexto, promoveu-se o desenvolvimento e o aperfeiçoamento das técnicas que permitiram os avanços destas novas ciências ômicas, como a transcriptômica, proteômica e metabolômica, com o objetivo de isolar e caracterizar o RNA, as proteínas e os metabólitos, respectivamente; sendo possível devido também ao desenvolvimento da bioinformática. O termo “ômicos” refere-se à análise global dos sistemas biológicos. Além das citadas anteriormente, uma variedade de subdisciplinas ômicas têm surgido, cada uma com seu próprio conjunto de instrumentos, técnicas, softwares e base de dados. Entre as tecnologias ômicas que impulsionam estas novas áreas de investigação, mencionam-se as tecnologias de DNA e microarrays, a espectrometria de massas e uma série de outras tecnologias e instrumentação que permitiram uma alta capacidade de análise. O domínio da bioinformática cresceu em paralelo e com a internet, em que a rápida análise de dados e a troca de informações sobre os códigos biológicos e computacionais estão em convivência harmônica, por meio de suas múltiplas ramificações, gerenciando e integrando bancos de dados aplicáveis, e construindo sistemas  in silico  para simulação de formas naturais e modificadas de produtos específicos. Todos os projetos de sequenciamento genômico realizados e em andamento, tanto de procariotos como de eucariotos, continuam a nos lembrar que o nosso conhecimento sobre o funcionamento de um organismo ou célula, a nível molecular, é realmente muito limitado. Desta forma, o aumento substancial de sequências e de informações produzidas pelo rápido avanço das ciências ômicas está ajudando a prover novos caminhos da exploração de textos pela bioinformática."

A seguir estão duas figuras com um resumo das principais Ciências Ômicas e suas interações. Clique nas imagens para ampliar.

 Fonte: http://www.nature.com/nrm/journal/v7/n3/fig_tab/nrm1857_F4.html
Fonte: http://omics.org/index.php/File:Omics_pathway_jong_bhak_sm_20071231.png

Para uma base mais aprofundada sobre o assunto, inscreva-se no nosso curso de inverno através do site: www.wix.com/cursodebioinformatic/btc.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Bactéria resistente a antibióticos é detectada em humanos e vacas

Novidades sobre a bactéria super resistente.

Um grupo de cientistas detectou em humanos e vacas uma nova cepa de bactérias Staphylococcus aureus resistente aos antibióticos do grupo da penicilina, publicou a revista Lancet Infectious Diseases
Cultura de Staphylococcus aureus
A epidemiologista veterinária espanhola Laura García-Álvarez, pesquisadora associada do Imperial College de Londres, identificou várias mostras de bactérias que apresentavam resistência aos antibióticos e que os testes habituais não detectavam. A pesquisadora fez a descoberta enquanto preparava sua tese de doutorado na Universidade de Cambridge.

A nova cepa de Staphylococcus aureus resistente à Meticilina (MRSA, na sigla em inglês), contém um gene chamado mecA, responsável pela resistência aos antibióticos, que só tem 60% de nível de semelhança daqueles que compartilham 99% das MRSA conhecidas. Por isso que a nova cepa passava despercebida nos exames clínicos, informou Laura.
Após identificar 13 amostras da bactéria, denominada LGA251, em leite de vaca, os pesquisadores detectaram 50 casos em humanos no Reino Unido e na Dinamarca em 2010, e atualmente estão desenvolvendo os primeiros testes em outros países europeus como Portugal, Alemanha e Holanda.
"A primeira bactéria deste tipo procede de uma mostra de 1975, portanto, leva pelo menos 36 anos circulando, mas não a detectamos até agora porque não tínhamos as ferramentas necessárias", explicou.
O professor de medicina veterinária preventiva da Universidade de Cambridge Mark Holmes, que dirigiu a pesquisa, afirmou que a bactéria tem uma ampla distribuição geográfica, mas que sua incidência em números absolutos é muito baixa, embora não tenha descartado um aumento dos casos nos próximos anos quando se estenderem os novos testes clínicos para detectá-la.

Os cientistas ainda não determinaram se foi a bactéria de origem bovina que passou para os humanos, ou o contrário, mas, em todo caso, afirmaram que o consumo de leite de vaca não representa nenhum risco de contágio, dado que o processo de pasteurização elimina totalmente a Staphylococcus aureus.
Calcula-se que um terço das pessoas tem em seu organismo bactérias resistentes aos antibióticos, principalmente na pele e nas fossas nasais, embora as complicações médicas associadas às MRSA costumem ocorrer em pacientes hospitaleiros submetidos a alguma intervenção cirúrgica.
Em pacientes com um sistema imunológico debilitado, essas bactérias podem causar desde problemas cutâneos até infecções sanguíneas.

As Staphylococcus aureus são as principais responsáveis pelas infecções hospitalares, e causam problemas médicos a 2% dos pacientes internados em uma clínica no Reino Unido, segundo os dados do Wellcome Truste Sanger Institue, que participou da análise genética do microorganismo.Nos países industrializados, as bactérias estão aumentando sua resistência aos antibióticos nos últimos anos, e calcula-se que entre 40% e 60% deles deixaram de responder as tratamentos com os antibióticos mais comuns.
Fonte: EFE

domingo, 19 de junho de 2011

Biotecnologia para a cana

A notícia de hoje é especial para aqueles amantes das pesquisas envolvendo genética de plantas - uma das fortes vertentes da Biotecnologia.

Um estudo realizado por cientistas ligados ao Programa FAPESP de Pesquisa em Bioenergia (BIOEN) confirmou – pela primeira vez em cultivares comerciais de cana-de-açúcar – que os genes associados ao teor de sacarose apresentam alterações de acordo com o potencial de rendimento de biomassa da planta.


Publicado na revista Plant Biotechnology Journal, o trabalho teve impacto importante na comunidade científica internacional e foi considerado “artigo altamente acessado” pelo periódico. A publicação foi feita em fevereiro e, em abril, os editores já comemoraram a marca de 1,6 mil downloads contabilizados.
O fato de reunir em um mesmo estudo dados de fisiologia, genômica funcional e produção é o que explica o alto nível de interesse despertado pelo estudo, de acordo com a autora principal do trabalho, Glaucia Mendes de Souza, professora do Instituto de Química (IQ) da Universidade de São Paulo (USP) e membro da coordenação do BIOEN-FAPESP.
“Pela primeira vez um artigo reúne o conhecimento sobre fisiologia e genômica aos dados tecnológicos relacionados a cultivares de cana-de-açúcar voltados para a produção de bioenergia. Várias empresas de biotecnologia estão iniciando programas de melhoramento da planta e há um interesse muito grande da indústria em trazer biotecnologia para a cana-de-açúcar”, disse Souza à Agência FAPESP.
Os outros autores do artigo são Alessandro Waclawovsk, Paloma Sato, Carolina Lembke – todos do Departamento de Bioquímica do IQ-USP – e Paul Moore, do Centro de Pesquisa em Agricultura do Havaí (Estados Unidos).
Segundo ela, o estudo trata da chamada “cana-energia”, que não precisa necessariamente ter grande quantidade de açúcar, mas sim muita biomassa – o que corresponde a muita produtividade.
De acordo com Souza, além de uma revisão sobre o tema, o artigo também agrega dados novos obtidos em um projeto, que faz parte do BIOEN, e é realizado em cooperação com o Programa de Melhoramento Genético da Cana-de-Açúcar (PMGCA) da Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroalcooleiro (Ridesa).
A Ridesa é colaboradora do Projeto Temático Sinalização e redes regulatórias da cana-de-açúcar, iniciado em 2008 com coordenação de Souza e financiamento da FAPESP.
“Todo esse trabalho teve base em estudos anteriores relacionados à cana-de-açúcar para produção de bioenergia, que também se dedicavam a avaliar o potencial de rendimento e a regulação do teor de sacarose da planta”, disse.
Esses primeiros estudos sobre o tema tiveram início a partir de uma colaboração entre o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) e as pesquisas do projeto Transcriptoma da cana-de-açúcar, financiado pela FAPESP no Programa de Apoio à Pesquisa em Parceria para Inovação Tecnológica (PITE).

> Potencial de rendimento
“Hoje, temos plantações que rendem 80 toneladas por hectare em média, mas estima-se que o máximo teórico de rendimento chegue a 380 toneladas por hectare. Fala-se muito em melhoramento, mas era preciso quantificar o potencial dessa cultura. Nossa pergunta era: o quanto podemos realmente melhorar a cana-de-açúcar?”, explicou Souza.
O estudo anterior, no entanto, abordava os genes associados ao teor de sacarose da cana-de-açúcar, mas não incluía dados sobre cultivares comerciais, limitando-se a dados sobre clones de progênies, sem variabilidade genética.
“O novo trabalho considera o cálculo de potencial de rendimento, mas traz também a confirmação de que os genes associados ao teor de sacarose estavam alterados em cultivares comerciais. O estudo apresenta a análise de genes associados à produtividade e apresenta dados fisiológicos dos cultivares para mostrar que a planta de alto rendimento acumula sacarose mais cedo no decorrer do ano”, disse.
O artigo Sugarcane for bioenergy production: an assessment of yield and regulation of sucrose content , de Glaucia Mendes de Souza e outros, pode ser lido por assinantes da Plant Biotechnology Journal em http://onlinelibrary.wiley.com

Fonte:  http://pdh.co/bioteccana - Fábio de Castro, da Agência Fapesp
 .

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Comentário sobre post: Células na máquina do tempo


Boa noite!
No post ''Células na máquina do tempo'' do dia 22/05, contamos um pouco sobre um estudo realizado por pesquisadores da USP, que conseguiram transformar células extraídas do dente de crianças em células-tronco pluripotentes. Para nossa surpresa, e imensa alegria, chegou a nossos ouvidos que um dos formandos da primeira turma de Biotecnologia da UNESP campus de Assis, chamado Nelson Foresto Lizier, já havia integrado o grupo de pesquisadores autores deste estudo.
Ficamos tão contentes, pois todos nós que organizamos esse blog, somos também alunos da UNESP campus de Assis, do curso de Biotecnologia (que hoje recebe o nome de Engenharia Biotecnológica).
Isso mostra o quanto nosso curso, que agora se encontra em sua VIII turma, possui potencial e qualidade para gerar grandes pesquisadores e profissionais, e cada vez mais ser reconhecido Brasil afora.
Para conhecer mais sobre o curso de Engenharia Biotecnológica, clique aqui.
Lizier, recentemente participou de outro importante estudo, dessa vez utilizando células-tronco de dentes de leite para tratamento de lesões de córnea, o que pode significar um novo meio para o tratamento de problemas gerados por queimaduras ou doenças genéticas e imunológicas.
Para saber mais sobre o trabalho de Lizier, clique aqui

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Entrevista: produção de celulases visando produção de biocombustível

Olá a todos!
                Nesse post, teremos uma entrevista feita por nós da Biotec Júnior (Empresa Júnior de Biotecnologia ) com a graduanda Bianca Bussamra, do 4º ano de Engenharia Biotecnológica da UNESP Assis. A aluna vem desenvolvendo um projeto de iniciação científica muito interessante na área de microbiologia, intitulado ‘Produção de Celulase a partir de fungos em diferentes temperaturas e pH e imobilização parcial da enzima’, fomentado pela FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), e orientado pelo Prof. Dr. Pedro de Oliva Neto.
O projeto consiste, resumidamente, na produção de celulases a partir de fungos visando a produção de bicombustível a partir de biomassa lignocelulósica, sendo esta biomassa vista hoje apenas como resíduo gerado pelas industrias. 

O que fez você se interessar por tal assunto? 
Bianca BussamraEu sempre gostei dessa área do conhecimento, que engloba a bioquímica, microbiologia e assuntos correlacionados a biocombustíveis. Além disso, essa área está em foco no mundo todo devido à corrida pela substituição dos combustíveis fósseis e o Brasil é o maior produtor mundial da cana-de-açúcar, detendo  42,5% da produção mundial de etanol. Assim, uni o útil ao agradável!

Já se consegue pensar se seria viável o acesso das indústrias a essa enzima?
Bianca BussamraAs pesquisas direcionadas ao bioetanol de segunda geração, aquele proveniente a  partir do bagaço, ainda está em fase inicial no Brasil. Os estudos que são feitos prevêem sempre uma viabilidade financeira em linha de produção industrial, como por exemplo  técnicas e reagentes baratos. Futuramente, almeja-se estender esses projetos, como é o caso das enzimas, para a produção nacional, mas hoje isso ainda não passa de pesquisa.

 O projeto de pesquisa foi financiado por alguma instituição? Se sim qual? Você considera que o fato de hoje a grande busca por bicombustíveis facilitou o acesso ao financiamento?
Bianca Bussamra – O projeto está sendo financiado pela FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo). No cenário mundial, é de extrema importância agregar valor a resíduos que antes eram descartados ou até prejudiciais ao meio–ambiente. Assim, eu acho que o fato do projeto estar focado nesse reaproveitamento e possível prospecção à produção de combustíveis renováveis facilitaram o acesso ao financiamento.

O fato de usar esses resíduos, que hoje são descartados, é mais importante do ponto de vista ecológico ou financeiro?
Bianca Bussamra – Em ambos os pontos o reaproveitamento é importante. Na questão ficanceira, se o Brasil detivesse a técnica do uso do bagaço para a produção do bioetanol, a produção aumentaria em até 50%, uma quantia bastante considerável. Já no caso ecológico, o reaproveitamento reduziria os problemas de estoque desse material e diminuiria a quantidade de cana plantada, uma vez que a mesma quantidade de terra teria capacidade produtiva de etanólica de 50% maior. Isso evitaria o desmatamento de novas áreas, reduziria as queimadas e, consequentemente, a emissão de CO2 e a eliminação de micronutrientes e da vida microbiológica existente nesses solos. Além disso, o uso de pesticidas e fertilizantes também diminuiria, prevenindo a contaminação de lençóis freáticos.

Você acredita que o bicombustível processado por celulase é viável financeiramente?
Bianca Bussamra – Na verdade, o etanol gerado a partir da cana-de-açúcar (primeira geração) e a partir do bagaço (segunda-geração) são processados da mesma forma. A única coisa que muda é a fonte do açúcar (matéria-prima)  que no caso do primeiro, é proveniente da cana, e do segundo, é  proveniente do bagaço. As enzimas atuariam na “preparação” do bagaço para esse processo, uma vez que deixariam a celulose disponível em forma de glicose. Esse processo é viável devido ao fato do baixo custo dessa matéria-prima.

Como está sendo o desenvolvimento do seu projeto? Você vem enfrentando problemas? Se sim, qual foi sua estratégia para contorná-los?
 Bianca Bussamra – Os imprevistos fazem parte da vida de um pesquisador. Às vezes surgem problemas relacionados à metodologia empregada, às vezes à forma de conduzir o experimento e até mesmo de falta de materiais e tempo. É muito importante trabalhar sempre com humildade e tirando as dúvidas com os companheiros de laboratório e com seu orientador.

Você já possui algum resultado parcial de suas pesquisas?
Bianca Bussamra – Até o atual estágio, já identificamos fungos com potencial de produção de enzimas celulolíticas bem maiores que o Trichoderma reesei, fungo modelo na produção de celulase.

Na sua opinião, qual a importância de um projeto de iniciação científica para sua vida profissional?
 Bianca Bussamra – O projeto de iniciação científica é muito importante não só aos alunos que querem seguir a vida acadêmica, mais também àqueles que almejam uma carreira industrial ou empresarial. Isso porque um projeto requer de você planejamento, prática de trabalho em grupo, responsabilidade, entrega de tarefas no prazo, organização e administração do próprio tempo.

Qual o tempo previsto de duração de seu projeto?
 Bianca Bussamra – O projeto está programado para ser realizado no período de um ano.

Agradecemos muito à entrevistada, e desejamos muito sucesso no término de seu projeto, e em seu futuro profissional.